SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Fora do ar desde o sábado (1º), o site da Usaid, agência dos Estados Unidos para ajuda internacional, voltou a ser acessível nesta terça-feira (4). Agora, porém, a página exibe somente uma mensagem anunciando que a maioria dos seus cerca de 10 mil funcionários será obrigado a tirar licenças remuneradas —há exceções para determinados cargos.

Ainda de acordo com o texto, os afastamentos começam a valer às 23h59 do horário de Washington desta sexta-feira (7), já 1h59 de sábado (8) em Brasília. Já as pessoas que ocupam funções citadas entre as exceções receberão mais instruções até a quinta-feira (6) às 15h em Washington, 17h em Brasília.

A nota termina esclarecendo que funcionários da agência baseados no exterior serão enviados de volta para os EUA em até 30 dias, via de regra. E diz, dirigindo-se a eles: “Obrigado pelo seu serviço”.

A Usaid financia atividades de organizações humanitárias de todo o mundo, inclusive brasileiras.

Ela entrou na mira de Elon Musk e de sua equipe encarregada de achar maneiras de cortar gastos federais há cerca de duas semanas —o bilionário recentemente acusou a agência de ser uma “organização criminosa”, e em seguida afirmou ter autorização do presidente Donald Trump para fechá-la.

A incerteza em relação aos limites da atuação de Musk, nomeado para um cargo inexistente até a gestão passada, lançou dúvidas sobre a validade de suas declarações. No início desta semana, porém, o secretário de Estado, Marco Rubio, informou o Congresso americano sobre o iminente desmantelamento da Usaid, dizendo que algumas partes dela seriam encerradas e outras talvez fossem absorvidas pela pasta que ele comanda, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores brasileiro.

Um relatório do CRS (Serviço de Pesquisa do Congresso, na sigla em inglês) diz que Trump a princípio não tem o poder de abolir a Usaid —como ela é um órgão independente dentro do Poder Executivo, seu encerramento deveria ser autorizado pelo Congresso.

Mesmo assim, as consequências do fim da Usaid já começaram a ser sentidas em campo. Com um orçamento de cerca de US$ 43,4 bilhões no ano fiscal de 2023 —menos de 1% do orçamento federal dos EUA no período—, ela atendeu cerca de 130 países, conduzindo ações de acesso à água potável, tratamentos para doenças, segurança energética e combate à corrupção. O país que mais recebeu ajuda dela foi a Ucrânia.

Em 2024, a Usaid forneceu 42% de toda a assistência humanitária do mundo rastreada pela ONU. Fundada nos anos 1960, ela era vista como central no esforço dos EUA de construir alianças ao redor do mundo, conter a influência de adversários como a China e a Rússia e ampliar o soft power americano de modo geral.