BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ambiente externo se tornou menos favorável para economistas emergentes entre dezembro e janeiro para 59% dos economistas consultados pelo Banco Central. O resultado do questionário enviado ao mercado às vésperas da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) foi divulgado pela autoridade monetária na manhã desta quarta-feira (5).
Entre as 116 respostas dos entrevistados, 32% consideraram que não houve mudanças relevantes no período, enquanto 9% disseram que o quadro melhorou.
As respostas do questionário enviado aos analistas do mercado financeiro no dia 17 de janeiro serviram como subsídio para a decisão do Copom sobre a taxa básica de juros (Selic), que atingiu 13,25% ao ano após alta de um ponto percentual na última reunião.
O republicano Donald Trump tomou posse como presidente dos Estados Unidos pela segunda vez em 20 de janeiro. Expulsão de imigrantes e taxação de países estão entre as primeiras medidas aplicadas pelo americano desde que assumiu o cargo.
No sábado (1º), Trump assinou uma ordem executiva impondo tarifas de 25% sobre produtos importados do México e do Canadá, além de 10% sobre produtos da China. Após acordo, suspendeu por um mês a taxação contra mexicanos e canadenses.
Em resposta à tarifa adicional imposta por Trump sobre todas as importações chinesas, Pequim impôs na última terça (4) tarifas sobre importações dos EUA, renovando a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Na ata do último encontro, o colegiado do BC disse que o cenário externo segue desafiador, com incertezas econômicas e geopolíticas relevantes. Alertou também sobre os possíveis efeitos do ambiente internacional sobre a política de juros no Brasil.
Entre as dúvidas, o Copom mencionou possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho, introdução de tarifas sobre importações e alterações em preços em caso de mudanças na matriz energética elementos podem trazer impactos negativos para economias emergentes, como o Brasil.
“Um cenário de maior incerteza global e de movimentos cambiais mais abruptos exige maior cautela na condução da política monetária doméstica”, disse.
O comitê disse ainda acompanhar com atenção as oscilações do câmbio, em função do risco fiscal no ambiente doméstico, da política econômica dos Estados Unidos e do diferencial de juros.
“Avaliou-se, então, que seguia válida a visão anterior da possibilidade de uma elevação de inflação a partir de uma taxa de câmbio mais depreciada. Desse modo, ainda que parte dos riscos tenha se materializado, o Comitê julgou que eles seguem presentes prospectivamente”, afirmou.