SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ONU afirmou nesta terça-feira (4) que os Estados Unidos congelaram seu financiamento à missão multinacional de ajuda à polícia no Haiti.

“Recebemos uma notificação oficial dos EUA solicitando a paralisação imediata de sua contribuição” de US$ 13,3 milhões à força multinacional de apoio à segurança, disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral António Guterres.

O país agora liderado por Donald Trump era o segundo maior patrocinador da iniciativa da ONU que tentava ajudar a Polícia Nacional Haitiana a mitigar o colapso humanitário no Haiti.

Até o momento, a missão liderada por policiais do Quênia tinha um orçamento de US$ 110 milhões, levantados por meio de um fundo de financiamento voluntário. O Canadá era o principal apoiador da iniciativa, tendo doado US$ 63 milhões. Os EUA vinham logo depois, com uma contribuição de US$ 15 milhões -US$ 1,7 milhão destes já tinham sido gastos, daí a cifra citada por Dujarric.

A decisão americana de paralisar sua parte da verba corta, desse modo, cerca de um décimo do orçamento do programa, cujo valor já era considerado insuficiente para lidar com as múltiplas crises no país caribenho mesmo antes disso.

O Haiti hoje não tem um presidente e é governado por um órgão de transição. Gangues dominam praticamente toda a capital, Porto Príncipe, e a ONU estima que a violência tenha provocado a morte de ao menos 5.626 pessoas no ano passado, além de ter forçado o deslocamento de mais de 1 milhão de haitianos.

O congelamento divulgado pela ONU nesta terça parece ser a mais recente de uma série de decretos de paralisação de verbas para ajuda humanitária internacional que Trump decretou logo após assumir.

Guiado pelo lema “América Primeiro”, ele impôs uma moratória de 90 dias para financiamento de programas de assistência externa dos EUA para garantir que os recursos estejam alinhados às suas prioridades na política externa.

A medida afetou, entre outros, programas de distribuição de medicamentos para quem sofre de doenças como o HIV e de acolhimento dos venezuelanos que chegam ao Brasil.

O principal alvo do governo -e de Elon Musk, em especial- nos últimos dias tinha sido a Usaid, agência dos EUA para o desenvolvimento internacional.

Embora sua verba represente menos de 1% do orçamento federal americano, ela é a maior doadora individual do mundo, e gastou cerca de US$ 38,1 bilhões (mais de R$ 222 bilhões) no ano fiscal de 2023.

Agora, Trump se voltou contra o sistema da ONU. Além de interromper o financiamento da missão de segurança no Haiti, também nesta terça ele anunciou a retirada dos EUA do Conselho de Direitos Humanos do organismo multilateral, tal qual havia feito em seu primeiro mandato, e o fim da contribuição do país para a UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos.