SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O alagamento de trechos da marginal Tietê, em São Paulo, causou ruído entre prefeitura e governo paulista neste sábado (1°). A via, uma das principais da cidade, amanheceu alagada após a chuva forte que caiu na noite de sexta e durante a madrugada.

Mesmo sem nova precipitação, trechos da marginal, como na altura da ponte das Bandeiras, permaneceram alagados até de tarde. A situação foi resolvida por volta das 14h.

A gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), que monitora os rios da cidade, afirmou não haver registros de extravasamento nas estruturas cuidadas pelo estado após as chuvas da madrugada.

O problema, segundo a Semil (Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística), teria surgido por falhas na drenagem das pistas da marginal, de responsabilidade da prefeitura.

“Nos dois últimos anos, foram investidos R$ 1,7 bilhão em obras, incluindo a construção de piscinões, estruturas de macrodrenagem e desassoreamento” na região do Tietê, diz a pasta estadual.

A prefeitura, por sua vez, defendeu a manutenção do sistema de drenagem. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou ter investido R$ 7,8 bilhões em drenagem, canalização de córrego, contenção de encostos, drenagem, piscinões na cidade.

“O que eu investi em 4 anos é maior do que investiram nos últimos 18 anos nessa área para fazer frente as chuvas na cidade de São Paulo”, disse.

Além da capital paulista, diversas cidades do estado de São Paulo enfrentam dificuldades neste sábado em razão de enchentes e deslizamentos provocados por chuvas na última noite.

Os temporais começaram no fim da sexta-feira. A Defesa Civil emitiu alerta severo de chuvas persistentes na capital paulista e municípios vizinhos. Em Guarujá (SP), foi dado alerta em nível extremo.

Alagamentos foram registrados em cidades como Diadema, Santo André e São Bernardo, no ABC paulista; Franco da Rocha, Caieiras e Guarulhos, na região metropolitana; e Guarujá, no litoral sul. Lá, cerca de 14 moradores dormiram em abrigos e 40 foram deslocados para casas de parentes e amigos em razão do risco de enchentes e deslizamentos —seis foram registrados.

As cidades seguem em alerta, com vários dos endereços ainda inundados, recebendo atendimento da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros.

Na capital paulista, além do alagamento em diversos pontos da marginal Tietê, outras ruas ficaram cobertas de água e córregos transbordaram na zona leste, entre outras partes da cidade.

O Corpo de Bombeiros recebeu 19 chamados para queda de árvores.

Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) da Prefeitura de São Paulo, há 13 pontos de alagamento na cidade ainda neste sábado. Boa parte está em São Miguel Paulista, na zona leste.

A Enel, concessionária responsável pelo abastecimento elétrico na capital, contabiliza 17.778 imóveis sem luz.

O funcionamento dos trens também foi afetado por inundações e deslizamentos. Na linha 7-rubi, a circulação foi interrompida entre as estações Francisco Morato e Botujuru porque os trilhos foram atingidos por grande quantidade de lama.

Distrito tradicionalmente afetado por enchentes, o Jardim Pantanal, na zona leste, ficou novamente debaixo d’água. O bairro se localiza na várzea do rio Tietê e, quando o curso d’água transborda, atinge diretamente as ruas.

O prefeito Ricardo Nunes esteve no endereço neste sábado e anunciou a distribuição de um cartão emergencial, com carga de R$ 1.000 às famílias. “A Prefeitura está dando o atendimento com cestas básicas, colchões e também com oferecimento de um cartão emergencial para aquelas casas que foram atingidas para ajudar nesse momento de tanta dor”, disse.

Bairro vizinho ao Pantanal, o Jardim Helena também ficou alagado.

No bairro de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, uma cratera se abriu em razão da chuva. A erosão ocorreu na rua Doutor José Pedro de Carvalho Lima.

Ao menos um veículo ficou pendurado na borda da cratera, em risco de queda. A subprefeitura do Campo Limpo afirmou que interditou toda a área afetada pelo deslizamento. “A subprefeitura realizará novas vistorias no decorrer da semana”, afirmou.

Defesa Civil envia ajuda humanitária para 4 cidades

As famílias que foram afetadas pelas chuvas da madrugada deste sábado em Cajamar, Guarujá, Poá e na zona leste de São Paulo receberão 2.520 itens de ajuda humanitária do Fundo Social de São Paulo, por meio da Defesa Civil. Em Poá e em São Miguel Paulista, na capital, foram enviados mais de 300 itens adicionais.

Segundo a Defesa Civil estadual, para Guarujá foram encaminhadas 50 cestas básicas, 500 itens de limpeza, 400 itens de dormitório (colchões, cobertores, travesseiros, jogo de cama), ⁠2 rolos de lona e 10 fitas de isolamento.

Quarenta pessoas foram retiradas preventivamente das suas residências e alojadas em casas de parentes e amigos durante o atendimento ainda na madrugada deste sábado. Um abrigo emergencial foi montado na Escola Municipal Sérgio Pereira para acolher as famílias. O sistema de sirenes de prevenção foi acionado na barreira do João Guarda.

Famílias da zona leste da cidade de São Paulo receberam 50 cestas básicas, 100 cobertores, 3 caixas de roupas (masculinas, femininas e infantis), além de calçados, absorventes, pallets de água, brinquedos e itens de cama, mesa e banho enviados pelo Fundo Social. A Defesa Civil também incluiu 30 kits de limpeza.

O apoio aos atingidos em Poá inclui o envio de 50 cestas básicas, 50 colchões, 50 travesseiros e 50 kits de limpeza pela Defesa Civil. O Fundo Social também enviou 50 cestas básicas, 100 cobertores e caixas com roupas, calçados, absorventes e outros itens.

A Defesa Civil enviou para Cajamar 88 cestas básicas, 88 kits de higiene, 352 itens de limpeza e 800 itens de dormitório (colchão, cobertor, travesseiro e jogo de cama).

Maiores acumulados no estado de São Paulo desde sexta (31)

Dez maiores registros de chuva em 12 horas, até as 7h deste sábado (1º)

– Caieiras (Jardim Marcelino): 138 mm

– Ferraz De Vasconcelos (Centro): 128 mm

– Ferraz De Vasconcelos (Pres. Castello Branco): 124 mm

– Itaquaquecetuba (Jardim Luciana): 117 mm

– Caieiras (Jardim Vera Tereza): 107 mm

– Suzano (Tabamarajoara): 107 mm

– Guarujá (Perequê 2): 107 mm

– Franco Da Rocha (Jardim Luciana): 105 mm

– Guarujá (Balneário Pernambuco): 103 mm

– São Paulo (Cidade Tiradentes): 101 mm

Fonte: Cemaden e Inmet, via Defesa Civil