BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O líder do Republicanos na Câmara, Hugo Motta (PB), afirmou neste sábado (1º) que, caso eleito presidente da Casa, vai trabalhar pelo fortalecimento do Legislativo e defenderá a imunidade parlamentar.
“Juntos vamos fortalecer institucionalmente a câmara, manter a sua autonomia e independência em relação aos demais Poderes. É salutar compreendermos que uma gestão de país se faz com respeito e com o pressuposto da harmonia”, disse Hugo.
Considerado provável próximo presidente da Casa, o deputado discursou no plenário em sessão da eleição da Mesa Diretora. Os outros dois candidatos, Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) e Marcel van Hattem (Novo-RS), discursaram antes de Hugo –a ordem foi definida por sorteio.
O deputado do Republicanos afirmou também que trabalhará por uma “Câmara forte”, com a “garantia das prerrogativas e em defesa da imunidade parlamentar”. Em resposta, ouviu aplausos dos deputados em plenário.
“A garantia das prerrogativas parlamentares é essencial para o fortalecimento do povo, pois cada um de nós, deputados e deputadas, está diretamente relacionado aos anseios daqueles que nos deram o voto”, disse.
A fala foi um recado ao STF (Supremo Tribunal Federal). Deputados bolsonaristas foram alvos de ações da corte e questionam, por exemplo, medidas tomadas por causa de discursos e declarações em redes sociais.
O discurso dele mirou os colegas parlamentares, com o objetivo de mostrar que não mudará ao assumir a presidência. Afirmou que não receberá um broche diferente dos demais e que se manterá humilde, citando líderes como Nelson Mandela e Mahatma Gandhi. “Nenhum presidente deixa de usar esse broche que nos identifica e nos iguala”, disse. “Sou mais um entre vocês, e como presidente isso não vai mudar”, afirmou.
Hugo também prometeu garantir a previsibilidade na decisão das pautas, estabelecer previamente quais sessões serão presenciais e quais serão virtuais, distribuir de forma mais equânime as relatorias dos projetos entre os parlamentares e dar transparência e voz aos deputados no colégio de líderes.
Pontos muito criticados pelo baixo clero na condução do atual presidente, Arthur Lira (PP-AL), que é aliado do candidato do Republicanos.
Apesar de listar essas divergências, Hugo comparou Lira ao ex-presidente da Assembleia Constituinte Ulysses Guimarães nas realizações. “O presidente Arthur Lira deixa para nós o maior legado de aprovações legislativas e transformações reais, na vida dos brasileira, que esta Casa pode, com a participação de todos, oferecer ao país desde Ulysses Guimarães”, disse.
Ele também elogiou os deputados Antônio Brito (PSD-BA), Elmar Nascimento (União-BA) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que se colocaram como pré-candidatos, mas desistiram de concorrer para apoia-lo. E agradeceu o presidente do seu partido, o deputado Marcos Pereira (SP), por renunciar à candidatura para que ele pudesse ser o nome de consenso entre Lira, o governo e a maioria dos partidos.
Hugo ainda prometeu aos colegas tomar as decisões de forma colegiada. “Espero errar o menos possível, ouvindo ao máximo”, afirmou. “Serei o que sempre fui –de outra forma, mas o mesmo. Serei um deputado-presidente, e não um presidente-deputado. Sair daqui [da tribuna] para ali [a cadeira do presidente] não pode ser a distância entre a humildade e a arrogância”, discursou.
Ele ainda fez uma comparação que será um presidente com “H” não de Hugo, mas de “humildade”.
O regimento prevê que cada candidato tem até dez minutos para fazer uma fala. Em seguida, Lira discursará.
A votação é secreta, e cada parlamentar vota em 11 cargos: presidente, dois vices, quatro secretários e quatro suplentes. É eleito quem tiver a maioria absoluta dos votos (257 das 513 cadeiras).
Escolhido por Lira para ser o seu candidato à sua sucessão, Hugo entrou na disputa após uma reviravolta com a desistência do presidente de seu partido, Marcos Pereira (SP), em setembro. O deputado conseguiu apoio oficial de quase todos os partidos da Câmara, indo do PT de Lula ao PL de Jair Bolsonaro.
Diante desse grande leque de apoios, ao longo de sua campanha, Hugo evitou se comprometer em temas espinhosos para evitar ruídos que pudessem prejudicar sua candidatura. Nesta semana, lançou o slogan “Do lado do Brasil”.