Cartaz da série ‘Star Trek: Strange New Worlds’ – Divulgação

SALVADOR NOGUEIRA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A segunda temporada de “Star Trek: Strange New Worlds” promete explorar grandes questões que defrontam a sociedade, na melhor tradição de “Jornada nas Estrelas”, franquia de ficção científica de 57 anos criada por Gene Roddenberry.

A série, que estreou uma nova sequência de dez episódios em junho, no serviço de streaming Paramount+, pode ser vista como uma versão futurista e otimista de “Black Mirror”, só que com personagens regulares. A cada semana, a tripulação da Enterprise, no século 23, encontra uma situação nova em algum canto do espaço, trazendo alegorias para situações familiares à nossa época.

Trocando de tom a cada episódio, a série traz um frescor especial, em meio à tendência geral de serialização pesada de outras atrações do mercado de streaming. O primeiro episódio é uma grande aventura que explora os interesses que motivam as guerras –isto é, o lucro. O segundo é uma trama de tribunal que discute preconceito institucionalizado. E por aí vai.

“[A série traz] um senso de otimismo com o futuro, em vez desta vibe de distopia sombria que a gente pega de tanto sci-fi por aí”, diz à reportagem Rebecca Romijn, atriz que já viveu a Mística nos filmes dos X-Men e agora interpreta Una, a primeira oficial da Enterprise.

Já Anson Mount, ator que interpreta o capitão Christopher Pike na série, vê que, mesmo em meio a esse otimismo, há espaço para temas pesados. “Porque estamos nos divertindo tanto, é fácil esquecer que a Enterprise a esse ponto é tripulada por muitos veteranos de guerra”, diz. “Como você sabe, em meu país [EUA], estivemos lidando com as cicatrizes da guerra por um bom tempo, então você pode ver algo sobre isso nesta temporada.”

Com novos episódios indo ao ar toda quinta-feira, a atração promete desenvolver diversos gêneros diferentes, da fantasia à comédia, passando pelo drama e pelo terror, sempre com um verniz de ficção científica.

Um dos episódios mais aguardados pelos fãs é o sétimo, em que a tripulação da Enterprise irá encontrar personagens de outra série de “Star Trek”, a animação “Lower Decks” -uma comédia adulta. Inovando no formato como nunca na franquia, o segmento terá alguns trechos em animação e outros com atores de carne e osso (mas não no estilo de Roger Rabbit, que combina os dois elementos em cena, tranquilizam os produtores).

“Fizemos movimentos bem maiores com as ideias de episódio, mesmo em termos de gêneros que estávamos explorando”, diz Mount. “É tão divertido trabalhar em uma série tão maleável, que pode fazer todas essas coisas.”

Um aspecto interessante que preserva a linguagem da dramaturgia moderna é que, a despeito de ser uma aventura diferente a cada semana, os personagens têm continuidade dramática -o que vivem em um episódio irá impactá-los pelos seguintes.

Quando Gene Roddenberry criou “Star Trek”, ele ambicionava fazer com seu programa de televisão o que o escritor Jonathan Swift fez ao escrever “As Viagens de Gulliver”, usando metáforas para tecer críticas sociais. “Strange New Worlds” segue essa longa tradição, com valores de produção com que uma série dos anos 1960 jamais poderia sequer sonhar.

STAR TREK: STRANGE NEW WORLDS (2ª TEMPORADA)

Quando: Novo episódio toda quinta-feira até 17/8

Onde: Paramount+

Classificação: 14 anos

Elenco: Anson Mount, Ethan Peck, Jess Bush

Produção: EUA, 2023

Criação: Akiva Goldsman, Alex Kurtzman e Jenny Lumet