SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A Justiça prorrogou nesta sexta-feira (31) a prisão temporária de Francisco de Assis Pereira da Costa, suspeito de envolvimento na morte por envenenamento de cinco pessoas de sua família no começo de janeiro em Parnaíba, no litoral do Piauí.
Francisco permanecerá preso preventivamente até 10 de março. Inicialmente, sua detenção estava prevista até 8 de fevereiro, mas, devido à necessidade de conclusão de perícias para finalizar o inquérito, a prisão foi prorrogada.
Ele é considerado o principal suspeito do crime. De acordo com a Polícia, Francisco apresentou três versões distintas sobre os fatos que antecederam o crime em seus depoimentos, e outros testemunhos de familiares contradizem suas alegações.
A casa onde o crime ocorreu abrigava 11 pessoas. Francisco vivia com sua esposa, Maria dos Aflitos, os seis filhos dela e três netos.
Desprezo e ódio pelos enteados são apontados como a principal motivação. Durante os depoimentos, Francisco teria descrito Francisca com termos depreciativos como “boba”, “matuta” e “inútil”. Ele também chamou os filhos de sua esposa de “primatas” e demonstrou incômodo constante com a presença deles.
Ele teria manifestado a raiva pela enteada no leito de morte. Segundo o delegado, Francisco não escondia o desprezo por Francisca, mesmo quando ela já estava gravemente debilitada no hospital. Esse comportamento reforça a hipótese de um crime premeditado e motivado por sentimentos de raiva.
Sua esposa também foi detida. A prorrogação da prisão ocorreu no mesmo dia em que Maria dos Aflitos, esposa de Francisco e mãe e avó das vítimas, foi presa temporariamente pela Polícia Civil do Piauí. Não foi revelado o papel dela no crime pela corporação.
Sobra de ceia envenenada. As investigações indicam que as mortes ocorreram após as vítimas consumirem uma sobra da ceia de Ano Novo. Embora não tenham apresentado sintomas na noite anterior, nove pessoas passaram mal durante o almoço, resultando em cinco mortes.
Laudo do IML detectou veneno no arroz. O Instituto Médico Legal confirmou que o veneno “terbufós”, semelhante a chumbinho, foi encontrado no alimento. Utilizado como inseticida e para combate a pragas em plantas, ele afeta o sistema nervoso, provocando tremores, crises convulsivas e falta de ar.
As vítimas eram todas da mesma família. As vítimas fatais foram Manoel Leandro da Silva (18 anos, filho de Maria dos Aflitos e enteado de Francisco), Francisca Maria da Silva (32 anos, filha de Maria dos Aflitos e enteada de Francisco), Igno Davi da Silva (1 ano e 8 meses, filho de Francisca), Lauane da Silva (3 anos, filha de Francisca), Maria Gabriela da Silva (4 anos, filha de Francisca) e Maria Jocilene da Silva (32 anos, ex-nora de Maria dos Aflitos).
Quatro sobreviventes já receberam alta. Uma adolescente de 17 anos, irmão de Manoel e Francisca Maria, e um menino de 11 anos, filho de Maria Jocilene, além de Francisco, já foram liberados.
Este é o segundo caso de envenenamento na família. Em 2023, outros dois filhos de Francisca, João Miguel da Silva (7 anos) e Ulisses Gabriel da Silva (8 anos), morreram envenenados. Lucélia Maria Gonçalves, vizinha da família, foi presa sob suspeita de ser a autora do crime. Indiciada por homicídio qualificado, ela permanece detida preventivamente na cadeia da cidade.