SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Haddad quer mudar as regras do uso do vale-refeição e do vale-alimentação, mas ninguém quer assumir a responsabilidade, governo começa a planejar PL para frear poder das big techs e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (31).
**BC NÃO QUER MEXER COM O VR**
O Banco Central não quer ser responsável pela regulamentação de novas medidas em relação ao vale-refeição e ao vale-alimentação.
No momento, o tema virou uma batata quente com esse tema em Brasília. O Ministério da Fazenda joga para o Banco Central, que, por sua vez, arremessa para o Ministério do Trabalho e do Emprego. Vamos entender.
ALIMENTOS SALGADOS
O preço subiu e todo mundo percebeu. O governo pensa em soluções para amenizar o impacto da carestia no orçamento das famílias.
Uma das ideias de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, é permitir a portabilidade e a interoperabilidade dos VRs e VAs.
Os trabalhadores poderiam escolher mudar a empresa que gere seu cartão. Ainda, teriam a possibilidade de trocar o saldo de VR para VR e vice-versa.
O chefe da pasta acredita que isso criaria maior competitividade entre as empresas que fornecem os serviços. Isso estimularia elas a diminuírem a taxa de intermediação cobrada dos mercados e restaurantes que aceitam esses cartões.
DE QUEM É A CULPA?
De todos e de ninguém. Para que o governo possa viabilizar as mudanças, alguém tem que criar as regras para elas.
O presidente Lula (PT) editou um decreto em agosto que previa as possibilidades citadas. Ninguém criou a regulamentação.
Penso que tem um espaço regulatório que caberia ao Banco Central já pela lei, mas que não foi feito até o término da gestão anterior [de Roberto Campos Neto], disse Haddad sobre o imbróglio.
Mas O Banco Central acha que essa responsabilidade não é sua: esses negócios não trazem risco sistêmico para o país, segundo opiniões internas da autarquia coletadas pela Folha de S.Paulo.
Membros da instituição avaliam que ela não tem competência para tratar de cartões de benefícios e Haddad teria se enganado ao falar que caberia a ela a regulamentação.
Para o BC, quem deveria olhar para este mercado é o Ministério do Trabalho e do Emprego, que por sua vez, também não quer assumir a bucha.
**LULA VS. BIG TECHS**
O governo discute um possível projeto de lei para ampliar o poder do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para enfrentar as big techs jargão do mercado para as gigantes da tecnologia, como Apple, Amazon, Meta, X, entre outras.
O que o Cade pode fazer? Determinar se uma fusão ou aquisição vai prejudicar a concorrência do mercado. A função dele é evitar que monopólios e oligopólios sejam criados no país.
Na nova medida (que ainda não existe, vale destacar), ele teria poder para estipular correções de conduta a empresas consideradas de relevância sistêmica em seus mercados. Ou seja, só as maiores empresas de cada área seriam afetadas.
O QUE MUDA?
O Cade poderia, por exemplo, investigar se uma das empresas está usando suas ferramentas para se favorecer demais, na análise do órgão ao ponto de prejudicar a competição no mercado.
– Nos EUA, a Amazon está sendo investigada por usar informações sensíveis adquiridas por seus mecanismos (e-commerce, Alexa, sistema de distribuição) para impulsionar as vendas;
– A Google também é inspecionada por ação monopolista no setor de anúncios digitais e de busca;
– A Apple é alvo de ação antitruste do Departamento de Justiça americano, acusada de cobrar taxas abusivas de desenvolvedores de apps e jogos na loja de aplicativos, a App Store.
Quem está discutindo a ação? Integrantes do Ministério da Fazenda, Casa Civil, Secom, Planalto e Ministério da Justiça.
Eles acreditam que um projeto de lei nesses moldes enfrentaria menos resistência no Congresso do que propostas de regulação apresentadas anteriormente, que falavam sobre moderação do conteúdo.
O PL das Fake News foi bombardeado pela oposição, por exemplo. O novo texto abordaria apenas os aspectos da concorrência e dos negócios das plataformas.
Quem já fez? O Reino Unido e a Alemanha aprovaram leis semelhantes.
Nos EUA, as agências reguladoras do mercado também pegam no pé das big techs. Esse é um dos motivos da aproximação dos CEOs dessas empresas do novo-velho presidente, Donald Trump ele prometeu desacelerar as ações antitruste.
**GABRIEL ESTÁ TE OLHANDO**
Se você mora em São Paulo ou no Rio de Janeiro, pode ter cruzado com um poste verde neon em frente a prédios e condomínios. Este é o Camaleão (que você pode ver na foto acima), que segura as câmeras da Gabriel.
O que é: uma startup de segurança privada, que instala câmeras em frente aos prédios residenciais e cria uma área de proteção acumulando as imagens gravadas da região.
Os edifícios precisam aderir ao plano mensal por R$ 499,00, diluídos no valor do condomínio.
A ideia é usar a inteligência (humana e artificial) para concatenar os dados colhidos pelos aparelhos e entender melhor o fluxo de segurança no bairro.
Câmeras em prédios diferentes de uma mesma rua podem filmar o antes, o durante e o depois de uma ocorrência, por exemplo criando uma área de cobertura integrada.
Falamos com um dos fundadores da empresa, Erick Coser, para entender melhor como essa história aconteceu.
FolhaMercado: O que vocês fazem de diferente?
Erick Coser: O mercado de segurança privada é gigantesco. Na sua casa pode ter um sistema de câmeras interno, talvez um muro alto e uma cerca elétrica. Estamos nos isolando. A Gabriel quer complementar o sentimento de segurança do lado de fora, naquele momento em que todo mundo é pedestre.
FM: Segurança pública é um assunto espinhoso. Como vocês pretendem contribuir sendo uma instituição privada?
EC: A gente reconhece que é difícil e tentamos nos precaver de algumas formas. A primeira é que só compartilhamos imagens com a polícia mediante ofício. Não fazemos reconhecimento facial [mas fazem de placas de carro]. Estamos pensando em como fazer essa integração [com o governo] de forma transparente.
FM: E o dinheiro para começar? Como conseguiram?
EC: Fizemos quatro rodadas de investimento desde 2020, que renderam R$ 140 milhões ao final. A primeira, tivemos ajuda do Canary, um fundo de São Paulo que ajudou outras startups legais. Na segunda, do SoftBank. As últimas foram focadas em financiar a parte das telas e computadores para inteligência.
FM: Como estão agora?
EC: Estamos focados na expansão das áreas de proteção. Temos 10 mil câmeras voltadas para a rua entre Rio e São Paulo. Não abrimos dados de faturamento, mas posso dizer que crescemos três vezes os ganhos em 2024 em relação a 2023. Temos um aplicativo onde as pessoas podem consultar imagens, comunicar ocorrências e ver a área de proteção da Gabriel. Nossa equipe tem quase 200 pessoas.
**PARA LER**
Happycracia: Fabricando cidadãos felizes
Edgar Cabanas e Eva Illouz. Editora Ubu. 288 páginas.
Você já se sentiu forçado a ser feliz? Ou pelo menos demonstrar nas redes sociais que estava?
O psicólogo Edgar Cabanas e a socióloga Eva Illouz tentam dar sentido a essa sensação compartilhada por quase todos nós neste livro.
Eles traçam a origem da ideia de que a felicidade é o maior objetivo da vida, e que basta força de vontade para alcançá-la.
Essa força de vontade, muitas vezes, está ligada ao consumo, à carreira e a quantidade de bens materiais que você consegue acumular (e postar nas redes).
Os autores discorrem sobre o que pode ser a felicidade no capitalismo tardio e o que isso tem a ver com dinheiro.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Investidores aproveitam queda da Nvidia e compram quase US$ 1 bilhão em ações. A companhia desvalorizou em cerca de 16% na segunda-feira, com a ascensão da chinesa DeepSeek.
Se depender de Lula, não haverá outro ajuste fiscal. O presidente deu a declaração em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto ontem.
O uso do bitcoin não é mais obrigatório em El Salvador, decide o congresso. A criptomoeda é uma das oficiais do país desde 2021.
Zoomp processa Le Lis Blanc e diz que voltará ao mercado. A marca que fez o jeans ícone dos anos 1990 quer R$ 164 mil por suposto plágio do logotipo de raio em bolsa da concorrente.