BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) se reuniu nesta quinta-feira (30) com coordenadores do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Palácio do Planalto, em Brasília, e ouviu cobranças por reforma agrária.

“Nós viemos dizer para o presidente que nós estamos insatisfeitos com o programa de reforma agrária, o que foi feito até os dias de hoje é muito aquém da nossa expectativa, mas que é possível ajustar, é possível o presidente corrigir a rota e apresentar um conjunto de demanda para o nosso período”, disse João Paulo Rodrigues.

A declaração foi dada após reunião do presidente com lideranças do MST no Palácio do Planalto. Também participaram o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e sua secretária-executiva, Fernanda Machiavelli.

Segundo Rodrigues, o ministro apresentou um compromisso de 20 mil famílias assentadas neste ano, mas o número é visto ainda como baixo para o movimento, que pleiteia 65 mil.

De acordo com Ceres Hadich, coordenadora do MST que também esteve na reunião, está sendo discutida uma ida do presidente a um assentamento ainda na primeira quinzena de fevereiro – em Pernambuco ou Minas Gerais.

Desde que foi eleito, Lula ainda não esteve em um dos assentamentos do MST.

O movimento, no final do ano passado, cobrou visita e reforçou críticas sobre a falta de avanço na reforma agrária e promessas de invasões pelo país em 2025, mas evitou pedir a saída do ministro Paulo Teixeira.

Em seu balanço anual, integrantes da direção nacional do movimento, que tem trocado críticas com a gestão Lula, afirmaram que apoiam o governo de forma incondicional. Ao mesmo tempo, cobraram entregas de novos assentamentos e mudanças na agenda política e de comunicação.

Os coordenadores do MST também cobraram mais orçamento para a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e apresentaram sugestões ao governo de formas de aumentar a produção de alimentos, uma das principais preocupação do chefe do Executivo neste ano.

Dentre as propostas é para ampliar o limite do CAF (Cadastro da Agricultura Familiar), e orçamento para programas de agricultura familiar. “Há uma preocupação coletiva porque não tem criatividade da reforma agrária”, disse Rodrigues.

Mais cedo, em entrevista coletiva aos jornalistas no Planalto, Lula disse que não tem mais idade para cometer “bravatas”, referindo-se às discussões para conter a alta dos alimentos.

Ele disse que vai se reunir com empresários e produtores e descartou medidas heterodoxas –sem mencionar a ideia de taxar exportações do agro que foi defendida por ala do PT como forma de conter a inflação desses produtos.

Lula citou a alta de alguns alimentos específicos, entre eles a picanha, uma das marcas de sua campanha eleitoral, quando prometeu que todo brasileiro poderia comer picanha e tomar uma “cervejinha” no fim de semana.

“Em 2023, a picanha caiu 30%. Ela voltou a subir, por quê? É apenas a exportação? É a matriz?”, disse Lula, afirmando que buscará uma solução em conversa com produtores. O presidente também citou a alta do óleo de soja.

Newsletter Brasília Hoje Receba no seu email o que de mais importante acontece na capital federal *** Em relação ao aumento do preço do diesel, esse é um tema que costuma trazer reclamações dos caminhoneiros. O presidente disse que vai dialogar com a categoria caso isso aconteça.

Lula concedeu entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto. A conversa acontece em meio à mudança na Secom (Secretaria de Comunicação Social), com a chegada do publicitário Sidônio Palmeira, que já alertou aliados que pretende dar mais visibilidade ao presidente.

O governo federal colocou como prioridade neste início de ano a redução dos preços dos alimentos, com o presidente Lula cobrando diretamente seus ministros durante a primeira reunião geral do ano.

As primeiras falas e ações na tentativa de contornar a alta nos alimentos, no entanto, foram marcadas por ruídos, após o ministro Rui Costa (Casa Civil) afirmar que o governo faria “intervenções” no preço dos alimentos, usando uma expressão que sugere a adoção de medidas heterodoxas. O ministro depois se retratou.

A inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) desacelerou a 0,11% em janeiro, após marcar 0,34% em dezembro, apontam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).