BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os governos de Barack Obama (2009-2017) foram os que mais deportaram imigrantes em situação irregular dos Estados Unidos no século 21, de acordo com dados do Departamento de Segurança Interna (DHS).
Foram mais de 3 milhões de imigrantes deportados durante as duas gestões consecutivas do democrata, considerando os dados compilados pelo DHS por anos fiscais, que se iniciam em 1º de outubro do ano anterior e terminam no dia 30 de setembro do ano de referência -ou seja, os dados para o ano de 2009 tratam de registros de 1º de outubro de 2008 a 30 de setembro de 2009.
Na média, são cerca de 1,56 milhão de deportados por mandato de Obama. Nos governos de George W. Bush (2001-2009), essa média foi de cerca de 1 milhão e, no primeiro governo Trump (2016-2021), foram 1,19 milhão de imigrantes expulsos.
Para o governo americano, deportação é a remoção de um imigrante sem autorização para permanecer nos EUA que é expulso por ordem judicial. Esse número não inclui os chamados retornos, que englobam imigrantes que se entregam de forma voluntária a autoridades americanas e então são retirados do país.
O dado também não conta os imigrantes expulsos pelo Título 42, medida criada na primeira passagem de Trump pela Casa Branca, que durou até o governo Biden, autorizando a remoção acelerada de imigrantes irregulares sob argumento sanitário durante a pandemia da Covid-19.
A medida vigorou de março de 2020 a maio de 2023. Nesse período, apenas sob a rubrica do Título 42, 2,96 milhões de imigrantes foram expulsos dos EUA -a maioria sob Biden.
Ao reassumir o cargo, Trump declarou emergência nacional na fronteira sul e intensificou detenções de migrantes em situação irregular nos EUA. A bandeira anti-imigração é a principal do seu novo mandato.
O decreto de emergência autorizou o uso das Forças Armadas na fronteira e nos processos migratórios, além de ordenar a construção de barreiras físicas adicionais nos locais entre postos oficiais de entrada e saída.
Em seu discurso de posse, o republicano reforçou o que vinha dizendo durante a campanha e deixou claro que pretende deportar o máximo possível de migrantes em situação irregular, algo que ele diz ser necessário após travessias recordes no governo do antecessor, Joe Biden.
“Acabarei com a prática de pegar e soltar [os migrantes]. Enviarei tropas para a fronteira sul para repelir a desastrosa invasão do nosso país”, afirmou Trump. “Todas as entradas ilegais serão interrompidas e iniciaremos o processo de devolução de milhões e milhões de estrangeiros criminosos aos locais de onde vieram.”
No domingo (26), agentes federais iniciaram uma operação de fiscalização de imigrantes em situação irregular em Chicago que deu mostras da promessa de Trump.
As ações do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA (ICE, na sigla em inglês) resultaram em ao menos 956 prisões só no domingo -alguns dos migrantes foram detidos dentro de casa.
Trump também anunciou logo nos primeiros dias de seu novo mandato outras duras medidas contra a migração. Uma delas buscou restringir o direito constitucional à cidadania americana de pessoas nascidas no país, caso os pais dessa pessoa estivessem em situação irregular no país no momento do nascimento -a ordem foi suspensa por um juiz federal a pedido de estados liderados por democratas.
Poucos dias após a posse, o perfil da Casa Branca no Instagram divulgou imagem de migrantes acorrentados entrando em cargueiros militares para deportação com o slogan “promessa feita, promessa cumprida”. “Os voos de deportação começaram”, diz a publicação -muito embora eles já ocorressem em governos anteriores.
O uso de aeronaves militares, no entanto, é novidade -foi autorizado após o decreto de emergência nacional na fronteira assinado pelo republicano. O tipo de avião utilizado foi um dos pontos de atrito entre Trump e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que se recusou a receber voos que já tinham decolado dos EUA, antes de fazer acordo com Washington e recuar.