Novos trechos da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, lançam luz sobre supostos bastidores de articulações antidemocráticas em 2022 e 2023. Segundo as declarações reveladas, Michelle Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro, esposa e filho do ex-presidente, desempenharam papéis centrais em incentivar Bolsonaro a considerar uma ruptura institucional.
O primeiro depoimento de Mauro Cid, prestado em agosto de 2023 e tornado público no último sábado (25), aponta que Michelle e Eduardo mantinham conversas frequentes com Bolsonaro, instigando-o a questionar o resultado das eleições presidenciais que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar da gravidade das alegações, ambos não foram indiciados pela Polícia Federal, que, segundo apuração, não encontrou provas suficientes para vinculá-los diretamente a atos ilícitos.
A delação, que permanece sob sigilo por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, é considerada explosiva. Cid, que esteve no núcleo próximo de Bolsonaro, detalha uma rede de aliados que, segundo ele, compartilhava da intenção de reverter o resultado eleitoral.
Embora Michelle e Eduardo não enfrentem acusações formais, as informações levantam questionamentos sobre a extensão do envolvimento da família Bolsonaro nas tensões políticas pós-eleitorais. A revelação reforça a imagem de uma estrutura familiar alinhada em torno de objetivos que desafiam os princípios democráticos.
Os depoimentos de Mauro Cid ainda estão longe de serem completamente divulgados, mas o que já veio à tona dá um vislumbre de um cenário preocupante. O desenrolar dessas investigações promete trazer novas implicações para o núcleo bolsonarista.