SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois de celebrar nas redes sociais a posse de Donald Trump, que retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou nesta quarta-feira (20) uma série de ações de sua gestão para combater os efeitos do aquecimento global em São Paulo.
As medidas incluem a criação de um conselho com poder decisório sobre ações públicas, que contará com a participação de municípios e da sociedade civil, um órgão para centralizar informações meteorológicas, conforme antecipado pela Folha, e o plantio de 100 mil mudas de árvores nas margens do rio Pinheiros, realizado pela Emae, empresa de energia recentemente privatizada.
As iniciativas fazem parte de um plano estadual, lançado no ano passado, na esteira dos alagamentos que deixaram milhares de desabrigados no Rio Grande do Sul. O plano é liderado pela secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natalia Resende.
Tanto no lançamento do plano, no ano passado, quanto nesta quarta-feira, Tarcísio evitou falar com jornalistas após os anúncios. O tema é sensível, já que parte da base bolsonarista do governador nega a existência das mudanças climáticas, assim como Trump.
Coube a Natalia Resende, em seu discurso, afirmar que enfrentar as mudanças no clima “é um desafio não só no Brasil, mas mundial”.
Após os discursos, a secretária foi questionada por jornalistas sobre os impactos da decisão do ex-presidente norte-americano, exaltado pelo governador, mas evitou uma análise política. Disse que a saída dos Estados Unidos do acordo climático “não muda o planejamento” das ações em São Paulo.
Em seu discurso, o governador destacou as medidas de sua gestão como projetos de sustentabilidade que também promovem desenvolvimento econômico, citando a geração de energia limpa. “No que diz respeito à mitigação de efeitos e adaptação climática, temos uma série de ações em curso”, afirmou.
Na segunda-feira (20), após publicar um vídeo usando um boné da campanha de Trump, o governador foi alvo de críticas tanto da direita quanto da esquerda, como mostrou a Folha.
No campo conservador, ele foi acusado de oportunismo, especialmente porque não se envolveu na pressão para que Jair Bolsonaro (PL), seu padrinho político, pudesse participar da posse de Trump, em Washington. Bolsonaro não pôde viajar por decisão de Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Já no campo progressista, as críticas relacionaram-se à defesa de Trump, mesmo após promessas que, na visão da esquerda, seriam prejudiciais ao Brasil, como o aumento de tarifas comerciais.
Tarcísio já negou que será candidato à Presidência no ano que vem, dado que Bolsonaro está inelegível, mas admite tentar a reeleição em São Paulo.