BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O novo ministro da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), Sidônio Palmeira, vai percorrer os ministérios em busca de marcas capazes de turbinar a publicidade do governo no penúltimo ano do mandato do presidente Lula (PT).
Na reunião ministerial de segunda-feira (20), a primeira de 2025, Sidônio informou que acompanhará o andamento das licitações na área de comunicação em curso na Esplanada para otimizar os processos.
O governo tem pressa para divulgação das ações governamentais na tentativa de ampliar seus níveis de aprovação e reverter o impacto negativo de fake news sobre a taxação de operações via Pix.
Ainda na reunião ministerial de segunda, Sidônio apresentou um plano para potencializar a comunicação do governo em 90 dias. Por isso, quer saber quais são as prioridades dos ministérios a fim de definir uma estratégia de divulgação das ações.
Em alguns casos, Sidônio se reunirá com os ministros. Em ministérios de menor visibilidade, as equipes da Secom farão a análise dessas prioridades. A ideia é que sejam elencados quatro programas, em média, por ministério para melhorar a divulgação.
Já existe no governo um sistema no qual as ações de comunicação são registradas. O ministro quer, no entanto, acompanhá-las de perto para um alinhamento da linguagem da Esplanada.
Ele avisou aos ministros que as licitações na área de publicidade também serão assistidas pela Secom. Segundo interlocutores do ministro, a intenção é participar do processo nos ministérios para que saiam do papel a tempo de fortalecer a divulgação do governo.
Na reunião, Sidônio também aconselhou os ministros a comparar o governo Lula ao do antecessor, Jair Bolsonaro (PL). A ideia é criar uma referência do ponto de partida da “reconstrução” do país.
A comunicação foi apontada pelo próprio presidente como um ponto fraco de seu terceiro mandato. Na reunião ministerial, Lula justificou a substituição do ex-ministro Paulo Pimenta (PT) por Sidônio, empossado na semana passada.
Segundo participantes, Lula elogiou Pimenta, incluindo seu empenho contra a Operação Lava Jato, que culminou com sua prisão. Mas admitiu que o governo vinha enfrentando dificuldade para divulgação de seus feitos.
Em sua intervenção, Sidônio citou a existência de uma falha no conjunto formado por política, gestão e comunicação, que estariam rodando em rotações diferentes.
O ministro disse que pretende alçar ainda mais ao primeiro plano a figura do presidente, com mais entrevistas e aparições públicas. Também pediu que os demais integrantes do governo evitem declarações off-the-record, jargão jornalístico que significa que não será identificado na reportagem.
O novo chefe da Secom manifestou ainda a intenção de criar uma central de monitoramento e resposta rápida de crise, no Palácio do Planalto, sem mencionar a crise do Pix.
O presidente afirmou durante o encontro que a campanha eleitoral de 2026 já começou e que ele e sua equipe precisam trabalhar para não entregar o país “de volta ao neonazismo”, em referência à gestão Bolsonaro.
Segundo participantes, Lula afirmou que ainda não tem certeza se será candidato à reeleição em 2026, citando a necessidade de “eleger um sucessor”.
O presidente teria admitido que pode não ser candidato, por motivos alheios à vontade dele, lembrando incidentes sofridos no ano passado, como uma pane no avião presidencial e a queda no banheiro.
Houve também dúvidas entre os presentes se Lula fazia um paralelo com ele próprio ao citar o caso do agora ex-presidente americano Joe Biden, que demorou para desistir da reeleição em 2024.
Segundo relatos, o presidente teria dito que o resultado das eleições americanas poderia ter sido outro caso Biden tivesse desistido antes da candidatura, a tempo de lançamento de outro nome que não a vice, Kamala Harris, à sua sucessão.
Na avaliação de aliados do presidente, essa foi uma maneira de estimular seus ministros, já que daquela sala de reuniões poderia sair um sucessor de Lula, fosse em 2026 ou 2030.