SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Entre as dezenas de bilionários e políticos poderosos que participaram da cerimônia de posse de Donald Trump nesta segunda-feira (20), estavam os fundadores e presidentes das principais empresas de tecnologia do mundo. Mas, ao contrário da maioria, eles receberam alguns dos melhores assentos para acompanhar o evento.
Os CEOs da Meta, Mark Zuckerberg, do X, Elon Musk, e da Amazon, Jeff Bezos, sentaram-se à frente de todo o gabinete de Trump, um sinal da importância que o republicano dará a esses magnatas da tecnologia em seu governo. Na fileira também estavam os presidentes do Google, Sundar Pichai, e da Apple, Tim Cook.
Robert F. Kennedy Jr., que vai chefia o Departamento de Saúde, e Pam Bondi, escolhida para liderar a Justiça, ficaram atrás dos executivos. Marco Rubio, que vai chefiar a diplomacia do país, era um dos poucos visíveis ao lado dos bilionários.
A proximidade do novo governo com esses magnatas interessa aos dois lados. Trump depende das plataformas controladas por Zuckerberg e Musk, por exemplo, para aumentar o engajamento com seus eleitores no passado, quando Trump teve sua conta excluída do Twitter (agora, X), o republicano precisou criar uma rede social para chamar de sua, o que naturalmente acabou diminuindo seu alcance.
Trump é tão próximo de Musk que o bilionário destinou mais de US$ 250 milhões para a campanha do republicano no ano passado. Em troca, recebeu um cargo feito sob medida no novo governo e agora será responsável por criar ideias para, em tese, enxugar a máquina pública.
Por outro lado, ter um bom relacionamento com o novo presidente dos EUA garante aos donos das empresas de tecnologia saídas mais fáceis para problemas recentes envolvendo agências reguladoras americanas, Justiça e Congresso. O governo de Joe Biden, por exemplo, intensificou medidas antitruste contra o Google e ações para diminuir a disseminação de notícias falsas em redes sociais.
Em outros países, como os da União Europeia, Canadá, Austrália e o próprio Brasil, essas empresas também têm sido alvo de ações dos governos locais.
O interesse dos dois lados em manter uma boa relação também explica a presença do CEO do TikTok, Shou Zi Chew, na cerimônia, ainda que ele não estivesse tão bem posicionado quanto os magnatas americanos.
O último fim de semana foi marcado por um vaivém na disputa entre autoridades americanas e a empresa chinesa que controla a plataforma. Em tese, o TikTok deveria parar de funcionar nos EUA a partir de domingo (19), devido a uma legislação do país, mas a suspensão durou poucas horas, à medida que Trump sinalizava que permitiria o funcionamento da rede social assim que assumisse o poder.
A decisão de Trump apenas adia a suspensão do TikTok, mas já aponta o interesse do republicano em manter uma boa relação com os executivos da plataforma. O americano, aliás, sugeriu que a ByteDance, dona do TikTok, vendesse metade de seu capital para os americanos, o que afrouxaria as acusações de espionagem contra a plataforma.
A proximidade de Trump com esses bilionários gerou alerta de Biden. Em discurso na semana passada, o agora ex-presidente americano disse que “há uma perigosa concentração de poder nas mãos de pouquíssimas pessoas extremamente ricas”.
“Hoje, está se formando na América uma oligarquia de riqueza, poder e influência extremas que literalmente ameaçam toda a nossa democracia, nossos direitos e liberdades básicos e uma chance justa para todos progredirem”, afirmou o democrata, que deixou a Casa Branca também nesta segunda.
*
MAGNATAS DA TECNOLOGIA NA POSSE DE TRUMP
Elon Musk, CEO da Tesla e dono do X
Musk, o homem mais rico do mundo, é dono da Tesla, SpaceX e X. Ele gastou mais de US$ 250 milhões para ajudar a eleger Trump e agora será líder de um departamento voltado para tornar o governo dos EUA mais eficiente.
Jeff Bezos, dono da Amazon
Bezos, o segundo homem mais rico do mundo, é fundador e dono de cerca de 10% da Amazon, o maior e-commerce do mundo. Ele também é dono da empresa de foguetes Blue Origin e do jornal The Washington Post. No ano passado, defendeu que seu jornal não endossasse um candidato presidencial dos EUA, excluindo a possibilidade de o veículo defender Kamala Harris. O Prime Video, serviço de streaming da Amazon, transmitiu a posse de Trump.
Mark Zuckerberg, dono e CEO da Meta
Nas últimas semanas, Zuckerberg talvez tenha sido o magnata da tecnologia que mais apareceu na mídia. Isso porque a Meta, dona de Facebook, Whatsapp e Instagram, anunciou que eliminaria seu programa de verificação de fatos nos EUA, uma ferramenta bastante criticada por Trump. No passado, o republicano ameaçou prender o bilionário.
Sundar Pichai, CEO do Google
A Google, juntamente com Amazon e Meta, doou US$ 1 milhão para o fundo inaugural de Trump, que deve reduzir algumas das políticas antitruste criadas por Biden contra o buscador.
Shou Zi Chew, CEO do TikTok
Um dia antes da posse de Trump, o TikTok agradeceu a ele por seu papel na restauração do aplicativo para usuários americanos. Chew já precisou ir ao Congresso americano dar explicações sobre o aplicativo e, no ano passado, não conseguiu reverter uma lei que bania a plataforma dos EUA.
Sam Altman, CEO da OpenAI
Programador e investidor americano, é considerado o pai do ChatGPT, ferramenta de inteligência artificial desenvolvida pela OpenAI que revolucionou a indústria. Altman era CEO da empresa, foi demitido no dia 17 de novembro de 2023, recebeu oferta de emprego da Microsoft, mas foi realocado na antiga empresa cinco dias depois. Ele também doou US$ 1 milhão para a posse de Trump.