SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Donald Trump assume a presidência dos Estados Unidos, influência do líder na derrubada e no reerguimento do Tik Tok e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (20).

**O PRESIDENTE CRIPTO**

Donald Trump é uma caixinha de surpresas. O presidente eleito dos EUA toma posse nesta segunda-feira (20) e, às vésperas, lembrou-se de um grupo que foi citado durante sua campanha.

Ele lançou uma criptomoeda meme própria –a TRUMP.

As “memecoins” são moeas batizadas com nomes de memes populares na internet. Em geral, são mais voláteis e não têm fundos de investimento, como outras criptomoedas. Outros exemplos são a pepecoin e a dogecoin.

SUCESSO

A moeda atraiu entusiastas de Trump e de criptomoedas. Não necessariamente nessa ordem.

Entre sábado e domingo, US$ 30,5 bilhões foram negociados na moeda. Desde o lançamento, o token teve uma valorização de mais de 10.000%.

Ela está entre as 20 criptomoedas mais valiosas, de acordo com o mesmo portal.

Nas redes sociais, ele postou:

“Meu novo meme oficial Trump está aqui! É hora de celebrar tudo o que lutamos por: vitória! Entre na minha super especial Comunidade Trump. COMPRE SUA $TRUMP AGORA”.

NOVOS AMIGOS?

Talvez. Desde a campanha eleitoral, o republicano tenta se aproximar do mercado cripto.

Para isso, usa o apelo de que os investidores do setor são similares a seus apoiadores: cansados de um sistema burocrático, procuraram uma forma de “rebeldia”.

Prometeu legislações que facilitariam a negociação de criptoativos e disse que criaria uma reserva governamental de bitcoins.

QUAL O PROBLEMA?

Trump disponibilizou a venda de 20% dos tokens da $TRUMP para o público, mas guardou 80% deles em suas empresas.

A iniciativa de lançar a moeda foi coordenada pela CIC Digital LLC –uma afiliada da Trump Organization– que anteriormente vendeu produtos como sapatos e fragrâncias com a marca Trump.

Especialistas lembram que memecoins são extremamente voláteis e muitos apoiadores do presidente que entraram no negócio pela euforia podem perder dinheiro, no fim das contas.

Anthony Scaramucci, ex-diretor de comunicações de Trump, disse que o lançamento é ruim para a indústria de criptomoedas e que o movimento do republicano pode fomentar interferência estrangeira no governo dos EUA.

“Agora, qualquer pessoa no mundo pode, essencialmente, depositar dinheiro na conta bancária do presidente dos EUA com alguns cliques”, escreveu no X.

**RECOMEÇA A CONTAGEM REGRESSIVA**

Na madrugada de sábado para domingo, 19 de janeiro, o TikTok deixou de funcionar para milhares de usuários nos Estados Unidos.

A interrupção coincidiu com o prazo final estabelecido pelo governo americano e pela Suprema Corte para que o aplicativo fosse vendido a um controlador americano.

Depois de publicar vídeos despedindo-se da plataforma e procurar aplicativos alternativos para continuar postando, americanos foram surpreendidos no mesmo dia com o retorno da plataforma.

POR QUE?

Donald Trump prometeu suspender temporariamente a lei que determinou o bloqueio do aplicativo no país. A ByteDance, companhia que controla o app, pode ter mais 90 dias para encontrar um comprador para o Tik Tok.

A suspensão foi decretada devido à suspeita do governo Joe Biden de que o TikTok rouba dados dos usuários americanos e os envia para o governo chinês.

A China nega que use a plataforma para espionagem. A ByteDance afirma que é uma empresa privada, sem interferência do governo. Suas sedes estão em Singapura e em Los Angeles, nos EUA.

A empresa agradeceu a Trump por “dar a clareza e garantia necessárias aos nossos provedores de serviço de que não enfrentarão penalidades por fornecer o Tik Tok a mais de 170 milhões de americanos”.

O novo presidente defendeu que a empresa chinesa dona do TikTok venda 50% de suas ações para americanos, o que poderia aliviar as pressões sobre a plataforma.

CONSEQUÊNCIAS

Mesmo que temporário, o fechamento do aplicativo deve ter um impacto abrangente nas relações EUA-China, na política interna americana e no mercado de redes sociais caso venha, de fato, a acontecer nos próximos meses.

Os Estados Unidos nunca baniram uma grande plataforma de mídia social. A lei aprovada pelo Congresso dá ao novo governo Trump ampla autoridade para banir ou buscar a venda de outros aplicativos de propriedade chinesa.

**JBS NA BERLINDA**

A Perdue Farms e a JBS EUA, duas das maiores empresas de processamento de carnes no país norte-americano, pagarão US$ 8 milhões por denúncias de trabalho infantil em seus abatedouros.

O Departamento de Trabalho dos Estados Unidos descobriu que as companhias usaram durante anos a mão de obra de crianças migrantes.

O QUE ACONTECEU?

Investigações federais americanas descobriram que crianças de 13 anos trabalhavam em turnos noturnos nos abatedouros de estados como Colorado, Minnesota e Nebraska.

A maior parte dessas crianças vieram de países da América Central.

Elas trabalhavam com produtos químicos potentes (algumas apresentavam queimaduras) e limpavam ferramentas perigosas, como máquinas que separam as cabeças dos torsos dos bois abatidos.

É A MESMA JBS DO BRASIL?

Sim e não. A JBS EUA é um braço da empresa brasileira na América do Norte, mas tem sua própria gestão –que não é tão diferente da daqui.

O CEO da filial americana é Wesley Batista Filho. Reconheceu o nome? Sim, filho do mesmo Wesley Batista participa do conselho administrativo da JBS brasileira.

COMO?

Nos últimos meses de seu mandato como presidente dos EUA, Joe Biden anunciou uma série de medidas de combate ao trabalho infantil no país. Com isso, investigações foram lançadas.

É difícil fiscalizar quais empresas usam da mão de obra ilegal: a maioria delas contrata agências terceirizadas, que procuram essas formas de trabalho e cometem as violações.

O QUE DIZ A LEI AMERICANA?

Ela proíbe menores de idade de trabalhar em abatedouros devido ao alto risco de lesões.

Entretanto, nos últimos anos, milhares de crianças imigrantes chegaram sozinhas aos EUA, e acabaram em trabalhos ilegais em diferentes setores.

O QUE DISSE A JBS?

Que interrompeu o uso de agências de emprego para preencher os turnos da limpeza e que espera que o dinheiro pago na multa dê “recursos valiosos” para as crianças que precisam.

O governo determinou que o valor das punições será usado para dar bolsas de estudos, aulas de inglês e treinamentos para crianças.

**HIDRELÉTRICA NO FRONT**

A China anunciou uma megaobra em seu território. Essa afirmação parece corriqueira? Dessa vez, a questão é mais complicada do que a logística de construção.

O país divulgou, no dia 25 de dezembro, em um despacho curto da agência de notícias do governo, que construirá a maior hidrelétrica do mundo.

O projeto foi divulgado há quatro anos, mas a construção foi confirmada no último mês.

O PROBLEMA?

Ela ficará muito próxima à fronteira entre a China e a Índia, uma região de conflito territorial.

A divisão é disputada em alguns pontos, e conflitos aparecem vez ou outra. A última briga de maior proporção aconteceu em dezembro de 2022.

Ali, fica o Tibete. Uma região que é considerada parte da China pelo governo de Xi Jinping, mas que demanda sua soberania.

Pequim investe em obras na área para aumentar a integração dela com o restante do país –o que desagrada movimentos separatistas.

O Tibete tem um potencial hidrelétrico importante, enquanto outras áreas da China têm recursos hídricos escassos. Aí está o maior potencial do conflito na construção da empreitada.

SEM DETALHES

O comunicado não deu uma localização específica, a data de início das obras ou suas proporções.

O departamento de águas de Chongyi estimou que a construção poderia consumir 1 trilhão de yuans (R$ 830 bilhões).

Yan Zhiyong, líder da estatal de energia elétrica, enfatizou que a usina deve gerar mais de três vezes mais energia do que Três Gargantas, hoje a maior do mundo, no rio Yangtze, também na China.

Em números, segundo a Enerdata:

– 300 bilhões de quilowatts-hora por ano serão gerados na planta;

– 88 bilhões de quilowatts-hora é a produção de Três Gargantas.

Ela produzirá quase o equivalente para alimentar o consumo energético do México: 324 bilhões de quilowatts-hora.

É mais da metade do consumo de energia do Brasil: 558 bilhões de quilowatts-hora/ano.

Cutucando a onça. Até o momento, o governo indiano reagiu com moderação.

O Ministério do Exterior do país pediu que os chineses o assegurasse que os países para onde corre o rio Yarlung Zangbo não serão prejudicados –ele é chamado de Brahmaputra na Índia e de Jamuna em Bangladesh.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

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ECONOMIA

Na era da moda rápida e barata, 80% do descarte têxtil vira lixo. 92 milhões de toneladas de resíduos pós-consumo ao ano são desafio para indústria, empresas e governo; reúso e reciclagem podem gerar empregos e receitas.