BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que a possível fusão entre as companhias aéreas Gol e Azul não deve criar um monopólio na aviação brasileira, nem levar a um aumento de tarifas aéreas.

A negociação, segundo o ministro, era acompanhada pelo governo há cerca de um ano e meio e, agora que foi oficializada, passará pelo crivo do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que vai analisar o impacto da fusão na concorrência do setor.

“Temos que esperar o Cade, não podemos ainda fazer uma avaliação precisa sobre o que isso significa no setor, mas eu encaro essa fusão meio como uma federação partidária, como partidos que estão juntos, mas que tem suas funções privadas. As companhias querem preservar suas autonomias financeiras e de governança. Hoje está tendo fusão de companhias aéreas no mundo todo”, disse Costa Filho, durante encontro com jornalistas nesta quinta-feira (16), em Brasília.

Sobre o preço das passagens, o ministro disse que não há meios de intervir no preço, mas afirmou que as tarifas não devem encarecer. “Não vamos aceitar aumentos abusivos. Temos que procurar o diálogo, para que possa haver solidariedade das companhias em relação aos preços.”

Uma reunião entre membros das companhias aéreas e do MPor (Ministério de Portos e Aeroportos) deve ocorrer na próxima semana. Segundo Costa Filho, um dos reflexos da fusão deve ser a possibilidade de ampliar a compra de aeronaves, fator que hoje tem limitado a ampliação de cobertura dessas empresas.

“Queremos participar na agenda do fortalecimento da aviação brasileira. Temos que oferecer uma mão amiga para cuidar desses ativos do Brasil. O olhar do governo do presidente Lula será prioritário para a preservação dos empregos no setor e ampliação da malha aérea”, comentou.

Nos últimos dias, a Azul anunciou a retirada de voos regionais de oito cidades do país, incluindo trechos para os aeroportos de São Raimundo Nonato (PI) e Barreirinhas (BA), dois terminais que estão nos planos de concessão à iniciativa privada.

Na avaliação do ministério, a decisão passa pela falta de aeronaves e peças e a necessidade de a companhia alocar seus aviões em trechos com maiores demandas, além da própria dificuldade financeira que a Azul atravessa. Para o MPor, são situações circunstanciais e os voos devem ser retomados.

“A fusão busca o fortalecimento das companhias aéreas. Com ela, teremos mais integração de voos, poderá sobrar mais aeronaves para mais destinos”, comentou o ministro.

GOVERNO QUER TRAZER NOVAS AÉREAS DE BAIXO CUSTO

Costa Filho disse que o ministério tem conversado com as companhias “low cost” de outros países, na expectativa de que entrem no mercado nacional. Segundo o ministro, há conversas em andamento com aéreas como Blue Jet, Iberia, Jet Smart e Sky. Por enquanto, porém, não há uma previsão mais clara sobre a entrada dessas empresas no Brasil.

“Vamos fazer uma rodada de conversas nos próximos meses. Temos low cost mostrando interesse em vir. É uma agenda a ser perseguida”, comentou.

De acordo com Costa Filho, a dificuldade de encontrar aviões disponíveis é o que tem comprometido a chegada dessas empresas.

“Eu pensava que a dificuldade maior era a questão das bagagens, das cobranças de bagagens, mas em todas as conversas que tivemos, a principal queixa é porque não tem avião no mercado. Elas estão dependendo de avião”, disse.