SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Gol e Azul finalmente são uma só, Haddad revoga medida que virou alvo de fake news e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (16).

**DECOLOU**

Azul e Gol selaram a fusão que estava sendo especulada há alguns meses. As companhias assinaram o memorando de entendimento que, se cumprido, levará à fusão das empresas.

↳ Elas ainda não têm a aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Sem a bênção desses órgãos, nada feito.

E AGORA?

As empresas devem estruturar o processo junto aos órgãos reguladores por ao menos um ano. Se tudo correr como as protagonistas querem, a operação conjunta começa a funcionar em 2026.

O QUE PODE DAR PROBLEMA?

O Cade, em geral, tenta evitar oligopólios. Isso significa que ele procura impedir que empresas, ao se fundirem, criem uma nova que domine uma parte muito grande do mercado e barre a competitividade.

A combinação das aéreas cria um competidor com mais de 60% de participação em passageiros. O CEO da Azul, John Rodgerson, sabe que o índice de concentração é elevado, mas não acredita que seja um impeditivo à união.

“A Latam tem 70% do mercado do Chile, onde as pessoas viajam três vezes mais do que no Brasil”, afirmou à Folha de S.Paulo.

E AS DÍVIDAS?

Não sumiram. Pelos termos do memorando, as dívidas das duas juntas não poderá ser maior que a da Gol depois da renegociação com os credores.

A Gol passa por uma recuperação judicial nos EUA, na qual está tentando reduzir seu nível de endividamento a partir de negociações com quem deve.

R$ 20 bilhões é a dívida estimada da empresa.

50/50

A ideia inicial é que as empresas tenham a mesma participação na nova holding. A divisão, porém, vai depender da recuperação judicial da Gol, que pode ficar com uma parcela menor.

O comando será compartilhado. O CEO será definido pela Azul –provavelmente John Rodgerson, que já citei– e o presidente do conselho de administração será indicado pela Abra, holding que controla a Gol e a Avianca.

No conselho, nove integrantes: três indicados pela Azul, três pela Gol e três indicados por outros acionistas.

As marcas continuarão existindo separadamente: você poderá comprar uma passagem tanto da Gol, quanto da Azul. Contudo, o avião de uma pode realizar voos da outra.

**PIX NÃO TAXADO E NÃO FISCALIZADO**

Depois de informações falsas circularem na internet sobre o que seria a nova norma da Receita Federal, Fernando Haddad (PT) disse ontem que ela seria revogada.

QUE NORMA?

Vamos passo a passo, para que não sobrem ruídos.

Publicada pelo órgão em setembro e válida desde 1º de janeiro, ela determinava que a Receita ampliasse a fiscalização sobre transações de pessoas físicas via Pix.

Mirava transferências de R$ 5 mil por mês para pessoas físicas e R$ 15 mil para PJs.

Atenção! A regra não menciona nenhuma taxa a ser cobrada sobre transações Pix nem agora, nem no futuro.

ENTÃO, PARA QUE?

A medida serviria para aumentar o controle sobre operações financeiras, o que facilitaria o combate à sonegação de impostos e à evasão fiscal.

Ou seja, a ideia não é cobrar no imposto de renda por suas transferências, e sim, detectar e identificar transações indevidas, ilegais ou, no mínimo, estranhas.

O Fisco não está espionando cada uma de suas transações. Cabe às instituições financeiras que oferecem o Pix enviar os dados para ele, dentro do que foi pedido.

A medida mantém “absoluto respeito às normas legais dos sigilos bancário e fiscal”, segundo comunicado da Receita.

DEBATES ENGANOSOS

Publicações sobre uma possível taxação do Pix de quem ultrapassasse o limite da medida espalharam-se nas redes sociais. Haddad e Lula pronunciaram-se em gravações separadas.

“Imposto sobre Pix, mentira. Imposto sobre quem compra dólar, mentira. Imposto sobre quem tem um animal de estimação, mentira”, declarou o ministro da Fazenda.

FIM DE PAPO

Com este contexto, Haddad anunciou que o governo vai revogar a norma. Mas, na sequência, vai editar uma medida provisória para reforçar que não pode haver diferença no valor cobrado em Pix e em dinheiro.

O texto não deve abordar o que havia na norma cancelada.

**OLHA O TREM CHEGANDO…**

A malha ferroviária do Brasil deve aumentar nos próximos anos. Não estamos falando da malha urbana, aquela que você pega todos os dias para ir ao trabalho, e sim de estradas de ferro para trens de carga.

Segundo informações que a Folha de S.Paulo teve acesso, o governo federal fecha os últimos detalhes do Plano Nacional de Ferrovias. Ele estipula concessões de novos trechos de estradas que cortarão as regiões Sudeste, Norte e Nordeste.

O pacote de concessões deve ser anunciado em fevereiro pelo Ministério dos Transportes e prevê a oferta de cerca de 4.700 km de ferrovias para a iniciativa privada.

QUANTO CUSTA?

R$ 100 bilhões é o valor aproximado de investimentos que devem ser atraídos para garantir a viabilidade das operações.

O governo pode complementar o investimento privado com até 20% do valor determinado para as obras.

Com os ajustes dos preços dos atuais contratos de ferrovias –firmados com Vale, Rumo e MRS– a pasta angariou R$ 21,2 bilhões de caixa, que devem ser usados nos novos empreendimentos.

DE ONDE, ATÉ ONDE?

– A Ferrovia Norte-Sul, que hoje tem o seu ponto final em Açailândia (MA), deve ser estendida até o porto de Vila do Conde, em Barcarena (PA), uma extensão de 477 km;

– A Fico (Ferrovia do Centro-Oeste) e a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) serão interligadas, em um prolongamento de 2.400 km;

– A Transnordestina, que atualmente termina em Eliseu Martins (PI), irá até Estreito (MA) –incremento de 600 km;

– Será criado um Anel Ferroviário do Sudeste, que vai interligar Vitória (ES) a Itaboraí (RJ), uma construção de 300 km;

– Outra ferrovia que nasce é a Ferrogrão, que ligará Sinop (MT) a Miritituba (PA), novo trecho de 933 km.

Por que mais ferrovias? É um modal de transporte que, em geral, exige menos manutenção do que o rodoviário, que hoje domina o Brasil.

Também causa menos acidentes e leva mais carga do que os caminhões. A eficiência do transporte ferroviário é maior em distâncias longas, enquanto a do rodoviário, em trajetos curtos.

**QUER CAFÉ? COMPORTE-SE**

As lojas do Starbucks ao redor do mundo (inclusive aqui no Brasil, quando tínhamos mais delas) são uma opção escolhida com frequência para reuniões fora do escritório e tardes de estudo.

O problema é que isto criou ambientes de convivência não intencionais entre pessoas e, como todo espaço coletivo, precisou de regras.

A Starbucks publicou um “Código de Conduta para Cafeterias” e vai expulsar das lojas os clientes que não o seguirem –os funcionários estão autorizados a chamar a polícia em caso de desobediência.

As normas valem para o interior das unidades, pátios e banheiros.

REGRAS SÃO REGRAS

A primeira exigência do documento é que para permanecer na loja, será necessário consumir os produtos dela.

“É um passo prático para priorizar nossos clientes pagantes que desejam sentar e aproveitar nossos cafés ou precisam usar o banheiro durante a sua visita”, declarou Jaci Anderson, porta-voz da marca.

A rede enfrenta problemas com pessoas que ocupam os lugares nas cafeterias por horas (com seus notebooks) e não tomam café ou comem bolinhos.

↳ O código também proíbe comportamentos como discriminação, assédio, fumar e pedido de dinheiro.

EM PREPARAÇÃO

A política começa a valer em 27 de janeiro. Os gerentes das unidades receberão treinamento, de 40 horas, para preparar as lojas e os outros funcionários.

COLETE SALVA-VIDAS

O código de conduta vem em um momento difícil para a Starbucks. A rede enfrenta uma queda nas vendas e nos preços das ações. Ela chegou a nomear um novo CEO, Brian Niccol, em agosto do ano passado.

POLÊMICAS

Um regulamento de 2018 da firma permitia que as pessoas usassem seus assentos e banheiros mesmo que não tivessem comprado algo.

A medida foi adotada depois que dois homens negros foram presos em um Starbucks na cidade americana da Filadélfia, enquanto esperavam outra pessoa para uma reunião de negócios.

O caso foi gravado e gerou protestos. Manifestantes acusaram a rede de incentivar comportamentos racistas entre os funcionários.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

JOÃO FONSECA

Pai de João Fonseca fundou primeira gestora de recursos independente do Brasil. Christiano Fonseca, o Crico, é principal sócio da IP Capital Partners.

TURISMO

Turismo de massa obriga trabalhadores japoneses a dormirem em hotéis cápsula. Moeda local fraca em relação ao dólar atraiu mais turistas ao Japão e tornou mais cara a hospedagem em viagens de negócios.

MERCADO

Loggi muda foco para pequenos e médios negócios e começa 2025 com demissões. Startup de logística diz também que há contratações sendo feitas para a empresa se reposicionar no mercado.