SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar operava em queda e a Bolsa disparava nas primeiras negociações desta quarta-feira (15), após a divulgação do índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos (CDI, na sigla em inglês), que veio acima do esperado pelo mercado.

Às 11h03, a moeda norte-americana caía 0,45%, a R$ 6,018. Já a Bolsa subia 1,43%, aos 121.007 pontos, no mesmo horário.

No início da sessão, o dólar ficou rondando a estabilidade, com investidores à espera dos dados de inflação dos EUA. Logo após a divulgação, desceu a R$ 6,011.

O Departamento do Trabalho americano divulgou que os preços ao consumidor dos Estados Unidos aumentaram 0,4% no mês passado. Já no acumulado de 12 meses até dezembro, o índice avançou 2,9%. A alta teve uma leve aceleração na comparação com novembro, quando registrou avanço de 0,3% no mês e de 2,7% no acumulado de 12 meses.

Economistas consultados pela Reuters previram avanço de 0,3% na comparação mensal e de 2,9% na base anual de dezembro.

Com isso, operadores passaram a apostar em um afrouxamento monetário maior a ser realizado pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano) neste ano. Isso porque o índice ajuda investidores a preverem os rumos dos juros no Estados Unidos.

As apostas de reduções dos juros em 2025 saltaram para 37 pontos-base —antes da divulgação dos dados, era de 31 pontos-base. Ainda se espera que os juros fiquem inalterados na reunião de janeiro.

Juros mais baixos nos EUA tornam os treasuries, os títulos do Tesouro americano —considerados os mais seguros do mundo menos atrativos. Isso incentiva investidores a buscar mercados emergentes, como o Brasil, que oferecem maior rentabilidade, o que faz a Bolsa por aqui a se valorizar.

Além disso, juros mais baixos também tornam o dólar menos atrativo, levando à sua desvalorização frente ao real. Em outras palavras, fica mais barato comprar a moeda no Brasil.

“O resultado do CPI foi bom. Somado ao PPI de ontem, há uma perspectiva de melhora de curto prazo na inflação. Será sustentável? Dependerá das políticas que Trump adotar e de seus efeitos ao longo do tempo. Mas, por ora, alivia a pressão em cima do Fed”, afirma Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

Nesta terça-feira (14), o Departamento do Trabalho americano divulgou dados sobre o PPI, o índice de preços ao produtor dos EUA, que vieram abaixo do esperado. O PPI foi de 0,4% no mês de novembro para 0,2% em dezembro.

No período de 12 meses até dezembro, o índice PPI acelerou para 3,3%, após um aumento de 3,0% em novembro. A aceleração na taxa anual refletiu os preços mais baixos do ano passado, especialmente dos produtos de energia, que saíram do cálculo.

“Os dados de inflação abaixo do esperado mostram que o Fed pode diminuir os juros, fazendo com que o dólar não se valorize tanto. Esse cenário também contribui para a queda dos juros futuros hoje”, afirma Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e sócio da Eu me banco.

Os números ficaram abaixo do esperado por economistas, o que levou o dólar a cair 0,85%, a R$ 6,045. Já a Bolsa fechou com alta de 0,24%, aos 119.298 pontos, com o apoio das ações da Vale e do banco Bradesco.

Após registrar a máxima de R$ 6,098, às 9h, na abertura do mercado, o dólar à vista atingiu R$ 6,042, uma queda de 0,91%, às 10h50, logo após a divulgação dos dados de inflação ao produtor americano. Às 16h39, já na reta final, a moeda norte-americana à vista atingiu a mínima do dia, R$ 6,041.

Para esta terça, os agentes financeiros aguardam a divulgação do CPI, o índice de preços ao consumidor americano, que pode moldar ainda mais o humor dos mercados e até amplificar a aversão ao risco caso os números venham acima do esperado.

Nesta terça, os agentes financeiros também reagiram positivamente a uma reportagem da Bloomberg que sugeriu que membros da equipe econômica de Trump estão considerando movimentos graduais na implementação de tarifas de importação, reduzindo o pessimismo em relação à medida.

Neste cenário, a moeda norte-americana passou a ceder ante quase todas as divisas de países emergentes, incluindo o real.

Os investidores continuam se ajustando à perspectiva de uma abordagem mais cautelosa do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) em seu ciclo de afrouxamento monetário, depois de dados fortes de emprego divulgados na semana passada.

Atualmente, operadores esperam que o Fed mantenha os juros inalterados na reunião deste mês e realize somente um corte de 25 pontos-base até o fim do ano.

Na cena doméstica, o início do ano tem fornecido poucos impulsos para as negociações, diante da relativa escassez de novos dados econômicos e com a agenda política em Brasília ainda fraca em meio ao recesso do Congresso.

O principal receio do mercado segue sendo o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas, com entrevistas recentes de membros do governo fornecendo algum alívio com a promessa de mais medidas fiscais para este ano.

Na última sexta-feira, Haddad disse em entrevista à GloboNews que o governo segue estudando novas iniciativas para sanear as contas públicas, acrescentando que “só o que se faz” na Fazenda é estudar novas iniciativas.

Já o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, afirmou em entrevista ao jornal O Globo que o governo deve adotar novas medidas fiscais neste ano.

De acordo com Durigan, as novas propostas de corte de despesas e arrecadação devem começar a ser debatidas após a aprovação pelo Congresso do Orçamento de 2025, informou.

Já as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) fecharam a terça-feira novamente em baixa firme. O DI para julho de 2025 –um dos mais líquidos no curto prazo– estava em 13,99%, ante o ajuste de 13,999% da sessão anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 14,895%, ante o ajuste de 14,945%.