SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A farmacêutica Takeda, responsável pela produção da vacina contra a dengue Qdenga, afirma que planeja conduzir ainda neste ano um estudo para avaliar dados de resposta imune e segurança do imunizante para pessoas com mais de 60 anos de idade.
Até o momento, a aplicação da vacina em idosos não é recomendada devido à falta de dados sobre a eficácia nesse grupo.
Os idosos, contudo, fazem parte do grupo de risco, de pessoas mais suscetíveis a terem a forma grave da doença. Médicos podem prescrever a Qdenga para pessoas com mais de 60 anos, que devem estar cientes de que é uma indicação fora da bula.
Nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde), a vacina está disponível para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Já em clínicas e farmácias particulares, o imunizante da Takeda é oferecido a pessoas entre 4 e 60 anos, conforme aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A farmacêutica prevê ainda para 2025 um novo centro global dedicado à produção de vacinas, em Singen (Alemanha), com o objetivo de incrementar o fornecimento global da vacina e atingir a meta de 100 milhões de doses por ano até 2030.
A Takeda afirma que seu laboratório tem capacidade limitada de produção, o que faz com que a oferta seja limitada. A vacina foi aprovada em 42 países e está disponível, no momento, em 28 deles, incluindo o Brasil.
Segundo a farmacêutica, sua capacidade produtiva precisa atender a todos esses mercados, e o Brasil é o país com o maior número de doses disponíveis entre os locais em que a vacina já está acessível.
No ano passado, o Ministério da Saúde disse ter comprado todo o estoque de vacina contra a dengue disponível no mercado internacional. O total de doses compradas pelo Brasil chegou a 6,5 milhões em 2024, e neste ano a ministra Nísia Trindade anunciou a compra de 9,5 milhões de doses para 2025.
A estratégia é dar continuidade à vacinação do público de 10 a 14 anos, com base na avaliação do comitê científico da pasta.
A Qdenga é administrada em duas doses, com 90 dias de intervalo entre elas, e não é necessário apresentar pedido médico para tomá-la. A aplicação não é recomendada para grávidas, lactantes, imunodeprimidos, pessoas com febre ou doença aguda e alérgicos às substâncias da vacina.
A vacinação, no entanto, não é a principal estratégia do governo federal contra a dengue, que, segundo especialistas, deve aumentar nos próximos meses no país. A eliminação dos focos do mosquito é a estratégia principal.
Entre as previsões para 2025, o ministério planeja ampliar o uso de tecnologias de controle do vetor, como a implantação de insetos estéreis em aldeias indígenas, a borrifação residual intradomiciliar em áreas de grande circulação de pessoas, como creches, escolas e asilos, além de estações disseminadoras de larvicidas. A previsão é implantar 150 mil unidades de estações na primeira fase do projeto.
Em 2024, o Brasil enfrentou uma de suas maiores epidemias de dengue. O número de mortes confirmadas por dengue no Brasil em 2024 superou a soma de óbitos nos oito anos anteriores.