SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Governo de São Paulo afirma que o Ministério da Saúde não fez o repasse de frascos de insulina regular solicitados em dezembro e que enfrenta, desde meados do ano passado, dificuldades no abastecimento do medicamento usado para tratamento de diabetes.

De acordo com a Secretaria de Saúde, o estado solicitou 54 mil frascos de insulina regular ao órgão federal, mas não recebeu nenhuma unidade. Ainda em dezembro foram requisitados também 95 mil frascos de insulina NPH, dos quais apenas 26.305 foram entregues.

“A aquisição e distribuição de insulina aos estados é [de responsabilidade] do Ministério da Saúde”, afirma a secretaria, em nota enviada à Folha. “Atualmente, as insulinas em canetas estão sendo distribuídas normalmente. A secretaria mantém diálogo contínuo com o Ministério da Saúde para normalizar o fornecimento.”

Procurado nesta terça-feira (14), o Ministério da Saúde não respondeu até a publicação desta reportagem.

Na última sexta (10), a pasta anunciou que enviaria mais 26 mil frascos de insulina regular para abastecer a rede hospitalar do SUS (Sistema Único de Saúde) no estados, como parte da estratégia federal para enfrentar a escassez global do medicamento em frascos. Negou, contudo, que houvesse desabastecimento.

“Os esforços do ministério garantiram o abastecimento no SUS para atender à população brasileira. Não há falta de insulinas no Brasil, uma vez que a rede pública está abastecida”, disse o ministério.

No sistema público de saúde, os pacientes têm acesso a dois tipos de insulina: regular e NPH, disponíveis tanto em frascos de 10 ml quanto em canetas descartáveis.

De acordo com Mônica Lenzi, farmacêutica especialista em diabetes e integrante do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais, há uma restrição na produção de insulina em frascos.

Além de São Paulo, outros estados relatam dificuldades devido à falta do medicamento.

Em Goiás, por exemplo, a Secretaria de Saúde do estado afirma que a redução na produção de insulina em frascos impacta a rede pública, mas destaca que o ministério tem enviado canetas de 3 ml, suficientes para atender a demanda. “Apenas o programa Farmácia Popular foi prejudicado, já que ele distribui exclusivamente insulinas em frascos de 10 ml.”

Em Minas Gerais, parte dos pacientes passou a usar insulina em canetas. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, o ministério repassou 23% da quantidade solicitada de insulina regular em frascos e 100% da insulina NPH. Quanto às canetas, foram entregues 98% da NPH, e 66% da regular, cobrindo o período de 16 de dezembro de 2024 até esta quarta-feira (15).

A Novo Nordisk, uma das responsáveis pelo repasse de insulina ao Ministério da Saúde, afirma que enfrenta desafios na cadeia de suprimentos e que por isso há redução na disponibilidade da insulina regular e NPH. A empresa diz, contudo, que o fornecimento ao governo federal segue normalizado.

“Esta intermitência, focada em insulinas humanas em frascos no mercado privado, não possui relação com a dispensação de insulinas humanas em canetas realizada pelo Ministério da Saúde via SUS”, diz a farmacêutica.

O laboratório recomenda que pacientes do mercado privado busquem alternativas com orientação médica. Já os usuários do Programa Farmácia Popular podem verificar a disponibilidade do medicamento nas UBSs (Unidades Básica de Saúde).

“A Novo Nordisk lamenta os impactos e reafirma seu compromisso com os brasileiros e o sistema de saúde, destacando esforços para antecipar entregas e melhorar a previsibilidade no fornecimento.”