SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Apontado como um dos principais clubes formadores do país, o Palmeiras colhe os frutos hoje em dia de uma reformulação que começou há mais de dez anos. Qualquer atleta que sai hoje da Academia de Futebol já tem um selo de bem formado e consegue uma venda com cifras altas precisa agradecer pela semente plantada lá atrás.
Vocês lembram quando a base de Cotia, do São Paulo, era referência para o assunto de formação de jovens? Pois bem, o Palmeiras tomou esse lugar. Muito por mérito próprio e dos dirigentes que passaram por lá desde 2013, mas também por falta de uma visão de futuro dos concorrentes, que deixaram isso de lado e, hoje recorrem à base apenas no desespero.
Depois de cair para a segunda divisão em 2012, o Verdão mudou de mãos em 2013 com a chegada de Paulo Nobre e uma reformulação completa começou em todo o departamento de futebol, inclusive entre os jovens.
Na ocasião, o então presidente fez um empréstimo para poder se livrar dos juros bancários, que corroíam as contas do clube, e separou uma parte de todas as receitas que tinha para colocar na estrutura e nos profissionais que cuidavam dos garotos. Hoje, todo esse empréstimo já foi quitado com as devidas correções.
A reformulação começou com Erasmo Damiani, que comandava a base, e José Brunoro, que estava à frente do profissional, mas teve o seu principal boom com as chegadas de Alexandre Mattos e João Paulo Sampaio, em 2015. Até aí o investimento era de R$ 12 milhões por ano.
A partir de 2017, sob a gestão de Maurício Galiotte, o Palmeiras passou a colocar cerca de R$ 30 milhões anuais na base, não só para melhorar a infraestrutura, mas para mudar o jeito que o time capta talentos. Não é só nas peneiras que o time atua, mas também em outras equipes menores que têm jogadores que despontam.
As principais mudanças neste ano foram o aumento de número de captadores externos, melhorias na estrutura de Guarulhos, a entrada do time em torneios internacionais, integração do futsal com a base, inclusão da categoria sub-11 e treinos do sub-20 com mais frequência com os profissionais, além de parcerias com outros clubes formadores.
É comum que o Verdão faça acordos com jogadores que se destacam em outras equipes apostando que eles se destaquem no futuro, como foi o caso de Estêvão e Danilo, por exemplo. Também há outros casos em que o jovem chega mais cedo na base, como foi com Endrick.
Só com Estevão, Luís Guilherme, Gabriel Jesus e Danilo, que foram para a Premier League, o Palmeiras pode chegar a R$ 760 milhões em vendas considerando os bônus por desempenho. Esse montante ainda pode aumentar em mais de R$ 200 milhões com a venda de Vitor Reis.
Ainda há outros atletas que foram para outros mercados, como Verón, vendido ao Porto por R$ 60 milhões, Giovani, vendido ao Al Sadd por R$ 50 milhões, Kevin, vendido ao Shakhtar Donetsk, por R$ 80 milhões, e até mesmo Patrick de Paula, Wesley e Gabriel Menino, que foram usados em negócios de menor valor no mercado interno.
E tem mais na fila: Figueiredo, Benedetti, Allan, Luighi e Thalys são as apostas da vez e já deixaram o time da Copinha para treinarem com o profissional. No time de baixo ainda estão Riquelme e Gilberto de olho em uma oportunidade.
Junto disso, o fato de o Palmeiras ter uma saúde financeira boa faz com que o clube consiga recusar as primeiras propostas e faça os clubes investirem mais para tirar os talentos dali. Além disso, um jovem que quer ter um bom futuro pensa sempre em ter a sua formação no Palmeiras. Não é à toa que João Paulo Sampaio já foi cobiçado por Flamengo, Corinthians e até seleção brasileira.