BELO HORIZONTE, MG E SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, está encerrando seus programas de DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão). Decisão foi revelada nesta sexta-feira (10) pelos veículos estadunidenses Axios e New York Post, e ocorre na semana em que a empresa causou polêmica após alterar seus termos de uso.
Documento revelado à Axios e ao New York Post afirma que a Meta não levará mais em conta as políticas de diversidade, equidade e inclusão na hora de contratar, treinar ou escolher fornecedores. Ele é assinado pela vice-presidente de recursos humanos da empresa, Janelle Gale, e foi compartilhado na rede de comunicação interna da empresa.
“O panorama jurídico e político em torno dos esforços de diversidade, equidade e inclusão nos Estados Unidos estão mudando”, escreveu Gale. No texto, ela também afirma que “o termo ‘DEI’ também se tornou carregado, em parte porque é entendido por alguns como uma prática que sugere tratamento preferencial de alguns grupos em detrimento de outros”.
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, tem feito vários acenos a Trump. O executivo se encontrou com o presidente eleito dos EUA em novembro de 2024. Antes do jantar, o criador do Facebook afirmou, segundo a FOX News, que “deseja apoiar a renovação nacional da América sob a liderança do presidente Trump”.
MUDANÇAS NOS TERMOS DE USO
Na última terça-feira (7), a empresa anunciou diversas mudanças em suas políticas de uso. As redes de Zuckerberg irão remover as agências de checagem profissionais e passarão a ter um sistema de notas da comunidade, assim como ocorre no X, de Elon Musk. A AGU (Advocacia Geral da União) notificou a Meta para explicar o impacto da medida e respeitar a lei.
O novo presidente dos EUA sempre se posicionou contrário à checagem de fatos nas redes sociais. Trump chegou a ser expulso do Twitter (hoje X) por divulgar notícias falsas.
“Depois da eleição da primeira eleição de Trump, em 2016, a mídia tradicional escreveu sem parar sobre como fake news eram uma ameaça para a democracia. Tentamos de boa-fé endereçar essas preocupações, sem nos tornarmos árbitros da verdade. Mas os checadores de fatos são muito enviesados politicamente e destruíram mais a confiança [das pessoas] do que a criaram, especialmente nos EUA”, afirmou Zuckerberg, em comunicado.
A Meta também anunciou alterações na moderação dos conteúdos. Segundo a nova política, eles irão focar em temas considerados mais sérios, como terrorismo, drogas, golpes e exploração sexual. Imigração e gênero são temas que terão moderação mais leve.
Mudanças atingiram normas contra discursos de ódio. Os novos termos permitem que pessoas LGBTQIA+ sejam classificadas como “doentes mentais” ou “anormais”. A Antra (Associação Nacional de Travestis e Transsexuais) protocolou representação no MPF (Ministério Público Federal) contra a Meta. Em 1990, a OMS (Organização Mundial da Saúde) retirou a homossexualidade da classificação internacional de doenças.
“Nós permitimos alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em gênero ou orientação sexual, dado o discurso político e religioso sobre transgenerismo e homossexualidade”, define a política de transparência da Meta.
Mais conteúdo político nas plataformas da Meta. A empresa afirma que desde 2021 reduziu conteúdos que tratassem do tema, baseado no pedido de usuários. Porém, com essas mudanças, a rede diz que terá uma “abordagem mais personalizada”, permitindo que quem quiser, terá mais acesso a esses conteúdos em seus feeds.
No anúncio, Zuckerberg fala em se juntar ao Governo dos EUA para lutar contra governos ao redor do mundo que atacam empresas do país. O CEO da Meta cita que a Europa tem leis que institucionalizam a censura e que na América Latina há “cortes secretas” que exigem que empresas removam conteúdos. A União Europeia disse rejeitar “categoricamente” as acusações de Zuckerberg.
“Vamos trabalhar com o presidente Trump para resistir a governos ao redor do mundo, que vão contra empresas dos Estados Unidos, e que queiram censurar mais. (…). A Europa tem um crescente número de leis que institucionalizam a censura, tornando difícil criar qualquer coisa inovadora por lá. Países da América Latina têm cortes secretas, que exigem que companhias removam conteúdos na surdina. A China censura nossos apps de funcionarem lá. A única forma de resistir a essa tendência global é com o apoio do Governo do EUA”, afirmou ainda Zuckerberg.