BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A cerimônia realizada nesta quarta-feira (8) no Palácio do Planalto para marcar os dois anos dos ataques golpistas de 8 de janeiro tem a presença de petistas, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e comandantes das Forças Armadas.

Como a Folha de S.Paulo mostrou, havia expectativa de esvaziamento político, com maior presença de parlamentares de esquerda, o que se confirmou. Estiveram presentes os deputados Zeca Dirceu (PT-PR) e Lindbergh Faria (PT-RJ) e os senadores Jaques Wagner (PT-BA) e Eliziane Gama (PSD-MA), entre outros.

A cúpula do Congresso, no entanto, esteve ausente. Faltaram os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), bem como os possíveis sucessores nos cargos, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP).

Após o evento, Lula participa de ato de partidos de esquerda e movimentos sociais na praça dos Três Poderes, um abraço simbólico ao local. Ele descerá a rampa com demais autoridades.

O presidente anunciou o evento em sua última reunião ministerial no ano passado e pediu que todos os chefes das pastas estivessem presentes em Brasília. Ele tem repetido que espera fazer de 2025 um marco em defesa da democracia na política.

Na caserna e dentro do próprio governo, havia receio de que discursos inflamados acirrassem os ânimos no meio militar, já abalado com a prisão de oficiais de alta patente. Estavam na plateia o ministro José Múcio (Defesa) e os comandantes da Marinha, Marcos Olsen, do Exército, Tomás Paiva, e da Aeronáutica, Marcelo Damasceno.

A assessoria de Pacheco disse que ele está em viagem, programada anteriormente, mas que o primeiro vice-presidente da Casa, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), representou o Senado na cerimônia.

A ausência decepcionou o Planalto, que contava com a presença de Pacheco.

As cerimônias acontecem em um momento de redesenho da Esplanada, com a possibilidade de nomeação de líderes do Congresso numa reforma ministerial. O nome do presidente do Senado é frequentemente citado nessas conversas.

Arthur Lira, por sua vez, está em Alagoas com o pai, Benedito Lira (PP-AL), doente. No evento do ano passado, pressionado por bolsonaristas, ele também não compareceu.

De acordo com relatos, o próprio presidente da República chegou a convidar os dois e, antes do Natal, teria recebido confirmações das presenças.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) representou a Casa em discurso na solenidade. Ela mencionou a ausência de Lira por motivos pessoais, ao que a plateia reagiu com murmúrios.

A solenidade é o terceiro evento no Planalto para marcar a data. Primeiro, foram apresentados o relógio trazido ao Brasil por dom João 6º em 1808 e uma ânfora (vaso). Os itens foram depredados nos ataques golpistas de 2023 e restaurados agora.

O relógio foi restaurado na Suíça, sem custos para o governo brasileiro, e chegou ao Planalto na véspera. De acordo com o governo, ele era do relojeiro de Luís 15, e existe apenas mais um outro deste, exposto em Versailles, na França.

Em um segundo evento, ocorreu a apresentação da obra “As Mulatas” de Di Cavalcanti. O quadro foi rasgado em sete lugares e, segundo o Planalto, seu valor estimado era de cerca de R$ 8 milhões.

De acordo com o Planalto, foram restauradas 21 peças por especialistas no Palácio da Alvorada, onde foi criado uma espécie de laboratório para especialistas em trabalharem nas obras.

O evento ocorre em meio a uma transição na Secom. Na terça-feira, o ministro Paulo Pimenta (Secom) anunciou que o presidente decidiu trocá-lo pelo marqueteiro Sidônio Palmeira e já foi iniciada uma transição na pasta. Os atos foram organizados com a participação do novo titular e também da primeira-dama, segundo relatos.