OSASCO, SP (FOLHAPRESS) – O guarda-civil municipal Henrique Marival de Sousa, 46, que matou o secretário-adjunto de segurança de Osasco Adilson Custódio Moreira, 53, é lembrado como uma pessoa tranquila por antigos conhecidos, mas colegas de trabalho dizem que ele, por vezes, tinha “ataques”.
Ele, que viveu na região de Carapicuíba, também região metropolitana de São Paulo, é descrito como um bom vizinho e deixou aqueles que conviveram com ele perplexos e assustados. Após o assassinato, ele se entregou na noite de segunda (6), passou por audiência de custódia nesta terça e teve a prisão preventiva (sem prazo) decreta pela Justiça.
Uma cabeleireira, que trabalha na rua em que ele morou, diz que o conhece há mais de 20 anos e o descreve como um homem “aparentemente tranquilo”.
Ela pediu para não ser identificada e relatou à Folha que ficou chocada quando soube do crime e acredita que ele deve ter “se transformado” ao longo dos anos, pois o crime não condiz com a pessoa que ela conhece há tantos anos.
Outra vizinha, que também conheceu o guarda, afirma que era uma pessoa sobre quem ela não tinha nada de ruim para dizer. A mulher, que preferiu também manter o anonimato, disse que ele era um trabalhador honesto, casado e que tem filhas.
Estarrecida após o episódio de violência, ela diz que o filho considerava o guarda um irmão mais velho e que não sabe o que pode ter acontecido para que ele agisse de forma tão violenta.
Também considera que, além de acabar com a vida de outra pessoa, o funcionário acabou com a vida dele e de sua família.
Guardas que trabalhavam com Merival Sousa também o descrevem como uma pessoa tranquila, bem-humorada, mas admitem que ele por vezes Henrique tinha “uns ataques”.
Na manhã desta terça (7), no velório do secretário, afirmaram que o colega queria crescer na carreira e pensou que conseguiria isso apoiado ao prefeito Gerson Pessoas (Podemos).
De acordo com o boletim de ocorrência do caso, o guarda já tinha puxado uma arma para um inspetor, segundo relatou à polícia Erivan Gomes, comandante da corporação.
Ainda no depoimento, o comandante afirmou que após os tiros tentou falar com Sousa, que estava trancado na sala com o secretário-adjunto.
Ele perguntou como Moreira estava e ouviu como resposta: “Você já sabe, você já sabe. Esse cara é sujo”.
Ainda se acordo com o relato inicial do comandante, na sequência, Sousa complementou: “Aqui dentro, só tem eu, o Moreira e o demônio”.
Segundo a prefeitura de Osasco, Henrique estava na GCM desde 2015, era guarda-civil de primeira classe e não “há registro de casos anteriores de violência” por parte dele. Também afirmam que o assassinato se trata de “um comportamento isolado”.
“Hoje, os GCMs já são acompanhados pela Corregedoria e, em caso de conduta inadequada, respondem pelos seus atos”, diz a prefeitura.
A gestão municipal alega ainda que nunca viveu e nunca esperava viver uma situação como essa. “Estamos revendo as questões de segurança, para que fatos como esse não se repitam”, diz em nota.
A reportagem questionou quais procedimentos estão sendo revistas, porém a prefeitura não respondeu sobre isso até a publicação desta reportagem.