SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O publicitário Sidônio Palmeira, que deve assumir a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo Lula (PT) com a saída de Paulo Pimenta, conquistou a confiança do petista em 2022, ao comandar o marketing da campanha vitoriosa ao Palácio do Planalto.
Foi o terceiro baiano a executar a tarefa -em 2002, ela coube a Duda Mendonça e, em 2006, a João Santana.
Ao contrário dos antecessores, porém, Sidônio é pouco afeito aos holofotes, não gosta de ser chamado de marqueteiro e costuma criticar publicitários que ganham maior notoriedade que os candidatos.
Nas reuniões durante a campanha, costumava repetir que o marketing é uma ferramenta para dar forma a uma diretriz política. Seu papel seria traduzir a estratégia definida pelo candidato.
Formado em engenharia, Sidônio é descrito como pragmático, didático e com capacidade de análise política. De pé, o publicitário costumava apresentar à sua equipe na campanha um diagnóstico do cenário, delegando aos sócios a criação das peças publicitárias.
Colegas de profissão e políticos com quem trabalhou dizem que ele tem perfil conciliador, é pouco dado a rompantes e costuma ouvir antes de tomar uma decisão.
Também destacam que, apesar do verniz ideológico de esquerda, é um empresário com apetite para os negócios, que vão desde empreendimentos imobiliários à criação de avestruzes.
No mundo empresarial, não tem cor político-partidária: entrou na sociedade de empreendimentos que envolvem o prefeito de Mata de São João (BA), João Gualberto (PSDB), e até mesmo o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil).
Sua primeira experiência política foi como líder estudantil na Universidade Federal da Bahia.
Entre 1981 e 1982, foi vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes na chapa “Viração”, ligada ao PC do B, junto com a hoje deputada federal Lídice da Mata (PSB).
O grupo atuou na luta pela abertura política, por assistência estudantil e na oposição ao então governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), cuja polícia reprimia manifestações estudantis.
“Sidônio ainda não atuava na comunicação. Ele era um articulador, um militante que já naquela época se destacava na montagem de estratégias políticas”, disse Lídice em 2022.
Ao sair da faculdade, migrou para a área de comunicação. Sua primeira campanha política foi em 1992, quando ajudou Lídice, então no PSDB, a se tornar a primeira mulher prefeita de Salvador.
Sua ascensão veio a partir de 2006, quando comandou a surpreendente vitória de Jaques Wagner (PT) para o governo baiano. A campanha fez sucesso com a personagem Zete, dona de casa que criticava a “panelinha” de políticos do então PFL que se revezavam no Executivo do estado.
Após a vitória do PT, a agência Leiaute Comunicação, de Sidônio, venceu sucessivas concorrências de contratos de publicidade do Governo da Bahia.
Ao mesmo tempo em que teve uma trajetória de vitórias em eleições estaduais na Bahia, Sidônio enfrentou reveses em campanhas para a Prefeitura de Salvador -mesmo com 16 anos à frente do governo, o PT nunca conseguiu eleger um prefeito na capital baiana.
Em 2014, levou o então desconhecido Rui Costa à vitória no primeiro turno na Bahia e se tornou uma estrela em ascensão no marketing político. Em 2017, passou a fazer peças de publicidade para o diretório nacional do PT e, no ano seguinte, atuou no segundo turno da campanha de Fernando Haddad (PT) à Presidência contra Jair Bolsonaro.
Na época, enfrentou desafios no campo judicial: a Leiaute foi alvo de busca e apreensão em operação da Polícia Federal que investigou, por suspeita de caixa dois, um instituto de pesquisa ligado ao deputado Marcelo Nilo (Republicanos). A Justiça Eleitoral da Bahia tornou as buscas sem efeito.
Fora da publicidade, Sidônio teve participação em empresas de produção de tilápias e de avestruz e mantém uma fazenda em Jacobina (340 km de Salvador). Nos últimos anos, fez investimentos mais agressivos no setor imobiliário.
Fora dos negócios, ganhou notoriedade com sua atuação no Esporte Clube Bahia, uma de suas paixões. Em 2013, liderou o movimento pela democratização da gestão do time.