RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Uma investigação da DHC (Delegacia de Homicídios da Capital), do Rio de Janeiro, resultou na prisão de um dos suspeitos pelo homicídio do contraventor Fernando Iggnácio. O suspeito foi preso em Ciudad del Este, nesta sexta-feira (3), por agentes federais do Paraguai.

Iggnácio era genro e herdeiro de Castor de Andrade, um dos maiores nomes do jogo do bicho. Foi morto em novembro de 2020 ao desembarcar de um helicóptero no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste. As investigações apontaram que o detido, um ex-policial militar, foi responsável por monitorar a rotina da vítima e coletar informações sobre o tipo de arma utilizada no crime.

Além disso, o suspeito realizou, de acordo com a polícia, levantamentos detalhados sobre outros contraventores que também foram mortos, demonstrando um estudo minucioso para evitar falhas na ação criminosa contra Iggnácio.

Após o crime, o homem fugiu do Brasil e foi localizado ao tentar emitir novos documentos no Paraguai. Durante a abordagem, os agentes constataram que ele utilizava documentos brasileiros falsos, o que aumentou as suspeitas sobre sua identidade.

O detido será entregue à Polícia Federal do Brasil, responsável por sua apresentação à Justiça brasileira. Contra ele há dois mandados de prisão em aberto por homicídio.

A morte de Fernando Iggnácio foi mais um capítulo da guerra pelo controle de pontos de bicho e caça-níqueis na cidade.

A disputa na família começou porque, antes de morrer, Castor partilhou seu espólio do jogo do bicho entre o sobrinho Rogério de Andrade e o filho Paulinho, enquanto o genro Iggnácio ficou com as máquinas caça-níqueis.

Paulinho acabou sendo morto junto com um segurança no ano seguinte, em 1998, na Barra da Tijuca, num caso que terminou com a prisão apenas do pistoleiro (um ex-PM) e sem a punição dos mandantes. Quem assumiu seu lugar foi, então, Iggnácio, gerando uma disputa com Rogério pela hegemonia da zona oeste.

Em março de 2021, a Promotoria denunciou Rogério de Andrade pelo assassinato de Iggácio. Em fevereiro de 2022, no entanto, a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, por maioria de votos, trancar a ação penal contra o contraventor, alegando falta de provas que demonstrem seu envolvimento no crime como mandante.

Novas investigações conduzidas pelo Gaeco teriam revelado supostos crimes relacionados à disputa entre Rogério e Iggnácio, afirma o Ministério Público.

Em sua defesa, os advogados de Rogério de Andrade afirmaram à época que a denúncia é genérica e falha em esclarecer como ele teria planejado ou ordenado a execução do crime, além de não apresentar provas concretas que justifiquem a imputação de autoria.

Andrade foi está preso desde o dia 29 de outubro de 2024, apontado como o mandante da morte. Em novembro, ele foi transferido para o presídio federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul.