SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Gabriel Galípolo assume a cadeira de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central, Petrobras segura o preço do diesel em 2024, SUVs e modelos híbrido flex dominam lançamentos de carros neste ano, até onde pode ir a inteligência artificial no futuro próximo e o que importa no mercado nesta quinta-feira (02).

**SOB NOVA DIREÇÃO**

Ano novo, nova gestão no Banco Central. Desde ontem, 1º de janeiro, o presidente da autarquia é Gabriel Galípolo, substituindo Roberto Campos Neto.

Galípolo, 42, é um economista paulistano formado bacharel e mestre pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Antes de assumir a principal cadeira do BC, foi diretor de Política Monetária da instituição. Também atuou como secretário executivo no ministério da Fazenda, no início da gestão de Fernando Haddad.

Já foi professor universitário e presidente do Banco Fator.

POR QUE IMPORTA?

Os mares da economia brasileira não estão tranquilos. Dólar alto, juros subindo e expectativas baixas em relação ao domínio da Fazenda sobre o cenário econômico ajudam a compor a maré ruim.

Uma mudança na gestão da principal instituição financeira do país é sempre importante, mas ganha ainda mais relevância em momentos de incerteza.

MUDA O NOME, MUDA A CABEÇA

Roberto Campos Neto, que geriu o BC de 2019 a 2024 é visto como alguém que tem uma visão sobre política monetária próxima à do mercado financeiro.

Galípolo, por outro lado, é mais próximo da academia e da pesquisa. E também do presidente Lula e de Fernando Haddad. Ponto importante.

Uma parte do mercado teme que os laços entre ele e o Executivo sejam estreitos demais: sua gestão pode ser um teste da independência do BC em relação ao governo.

“MENINO DE OURO”

O economista apareceu em um vídeo com Lula, publicado nas redes sociais do presidente da República no dia 20 de dezembro.

Na declaração, o chefe do Executivo negou futuras interferências na autarquia e disse confiar nas decisões tomadas por Galípolo.

Também afirmou que manteria-se atento à necessidade de novas medidas fiscais (além do pacote de corte de gastos, que você entende melhor aqui).

Além de Galípolo, outros nomes passaram a ocupar cargos no Banco Central. São eles:

– Nilton José Schneider David, ex-chefe de operações de tesouraria do Bradesco, é diretor de Política Monetária – vaga deixada pelo novo presidente da instituição.

– Izabela Moreira Corrêa pesquisa ciências políticas e foi professora de gestão pública e políticas públicas no Insper. É diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta.

– Gilneu Astolfi Vivan foi responsável pelo Departamento da Regulação do Sistema Financeiro Nacional. Agora, é diretor de Regulação.

**PETROBRAS ABRASILEIRADA”

Pela primeira vez em 13 anos, a Petrobras fechou 12 meses sem reajustar o preço do óleo diesel em suas refinarias -ainda que o mercado internacional esteja em um momento de grande volatilidade.

A empresa vendeu o diesel, em média, a R$ 3,53 por litro.

O preço da gasolina foi alterado uma vez no ano.

Segundo um levantamento do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo e Gás) para a Folha de S.Paulo, a estatal passou a maior parte de 2024 com o diesel abaixo da paridade de importação da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).

A paridade média importação da ANP foi de R$ 3,70 por litro – ou seja, ela vendeu o produto com uma defasagem média de 5%.

Com a desvalorização do real nas últimas semanas, a defasagem pode ter batido os 15% no dia 19 de dezembro, segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Petróleo).

O combustível esteve acima apenas em seis semanas, nos meses de setembro e outubro.

POR QUE IMPORTA?

O preço do diesel pode influenciar o preço dos alimentos nos supermercados.

O diesel é o combustível usado na maior parte dos caminhões e cerca de 91,4% dos alimentos no Brasil são transportados em rodovias, segundo a Fundação Dom Cabral.

Quando a Petrobras segura o preço do diesel, tenta segurar também a alta das etiquetas do arroz e do feijão (e todo o resto).

Por um lado, a estratégia pode ter bons resultados na economia. Ao reduzir o estresse inflacionário (os fatores que contribuem para a alta dos preços), reduz também a sensação de crise. Além de baratear as refeições, claro.

Por outro, o mercado teme a repetição de problemas passados, como os vistos no fim da primeira gestão de Dilma Rousseff (PT), em 2013 e 2014.

Ao não acompanhar o preço de venda internacional do diesel, a estatal pode gerar prejuízo nos caixas e no fluxo de dinheiro.

As ações da Petrobras são vistas como algumas das que geram menor risco ao investidor na bolsa de valores brasileira. São papéis considerados baratos e resilientes a variações internacionais do petróleo devido ao baixo custo de produção do pré-sal.

O congelamento dos preços está preocupando quem investiu na empresa procurando poucas preocupações.

A Petrobras diz que não considera desde 2023 a paridade de importação como único parâmetro para a formação dos preços.

Ela “passou a adotar estratégia comercial que considera as suas melhores condições de produção e logística, para precificação de diesel e gasolina na venda para as distribuidoras”.

**MEU CARRO, MINHA VIDA**

Em 2025, os SUVs e os modelos híbridos flex devem ser os mais procurados.

Se você pensa em comprar um carro neste ano, vamos ao que importa.

A expectativa é vender 2,8 milhões de unidades em 2025.

O número depende de fatores como a disponibilidade de crédito e o controle da inflação.

DESTAQUES

Aqui, os principais lançamentos e inovações previstos pelas montadoras nos próximos 12 meses.

GM (General Motors) completa 100 anos no Brasil e tem nos planos a renovação do Chevrolet Tracker, seguindo o design de modelos recentes da montadora e o chinês Seeker pode dar pistas do que vem aí. O Onix também deve passar por mudanças.

Na Nissan, o novo modelo do Kicks já foi lançado no exterior e vem para cá neste ano. A empresa está investindo R$ 2,8 bilhões neste lançamento e também no de um outro utilitário esportivo, que ainda não foi revelado.

As coisas podem mudar por lá devido à fusão com a Honda, anunciada em dezembro. As companhias ainda não divulgaram o que vai e o que fica no acordo de união.

Falando em Honda, a montadora japonesa deve apresentar um modelo híbrido flex do WR-V.

Os carros que usam a tecnologia têm dois motores, um elétrico e um a combustão. O elétrico alimenta o funcionamento do outro, que ainda precisa ser abastecido com gasolina ou etanol.

A ideia é que ele seja o futuro SUV de entrada da montadora, com preço inicial por volta de R$ 130 mil.

A Toyota lança a versão híbrida flex do Yaris Cross. A tecnologia deve ser parecida com a já lançada na linha Corolla, que permite maior autonomia (ou seja, menor gasto de combustível) no uso urbano.

A Volkswagen ressuscita o Polo com um lançamento inspirado na sua plataforma. O novo modelo foi batizado de Tera.

A marca alemã trará ainda a oitava geração do Golf GTI e o SUV médio Taos renovado, que pode passar a vir do México (o modelo atual é feito na Argentina).

A montadora passa por uma crise em seu país de origem. Após anunciar o fechamento de fábricas na Alemanha e expor necessidade de mudanças na operação financeira, trabalhadores entraram em greve em dezembro.

Da BYD e da GWM vêm as versões nacionais do Song Pro e do Haval, respectivamente. As duas não devem interromper sua expansão no Brasil.

A expectativa é que continuem ganhando terreno, uma vez que as duas inauguram suas plantas fabris nacionais neste ano: a BYD em Camaçari (BA) e a GWM em Iracemápolis (SP).

A BYD foi acusada de manter trabalhadores em situação de trabalho análoga à escravidão na construção da nova fábrica.

A junção das japonesas Nissan e Honda pode ser um desafio para a expansão das chinesas. A união dos centros de pesquisa e o barateamento de algumas operações pode deixá-las mais competitivas no mercado.

**TESTANDO OS LIMITES DA IA**

Podemos dizer que 2024 foi o ano da inteligência artificial até o momento.

Os balanços estelares da Nvidia e a popularização do ChatGPT e outras formas de IA generativa estão entre os sucessos.

O ritmo das inovações nessa forma de tecnologia pode desacelerar em 2025. Sundar Pichai, CEO do Google, admitiu que o progresso está se tornando mais difícil.

Ilya Sutskever, pesquisador estrela no ramo, compartilha dessa visão.

Mas o novo modelo o o3 da OpenAI, criadora do ChatGPT, ultrapassou o desempenho médio humano em um teste de generalização e tratamento de problemas novos (87,5% versus 85%), criado para entender quando teremos inteligência artificial geral.

Os modelos de IA que temos hoje ainda têm muito arroz e feijão para comer. Não estão perto das dimensões limite.

Basta aumentar a capacidade dos processadores que a permitem funcionar para que ela acompanhe o desempenho.

Há investimento pesado na exploração de novas técnicas. É o caso do o3, que segmenta os problemas em etapas, gera múltiplas soluções para cada uma delas e depois seleciona as melhores. São chamadas de modelos de raciocínio.

PARA QUE SERVE?

Resolver problemas complexos e acelerar o ritmo com que alcançamos os resultados de algumas investigações. A técnica deve ser especialmente útil nas ciências e na programação.

Os algoritmos que ultrapassam o funcionamento pergunta-resposta que conhecemos devem crescer em 2025. Eles podem começar a fazer algumas coisas no nosso lugar.

Os modelos chamados agênticos estabelecem uma sequência de ações a serem tomadas, combinando planejamento e tomada de decisão.

Um exemplo: o software pode encontrar um curso de origami para quem procura novos hobbies. Em um email, te encaminha links para comprar os materiais necessários. Para você, resta apenas fechar o negócio.

VIDA PRÁTICA

Todas essas novidades podem demorar um pouco para chegar até nós, meros mortais. Por enquanto, estão no reino das ideias e da pesquisa ostensiva.

A tendência para este ano é que vejamos cada vez mais o uso da IA integrado ao cotidiano do trabalho. Ela pode ajudar a acelerar processos e substituir sistemas que estejam tomando tempo criativo dos trabalhadores.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

ECONOMIA

Economistas esperam que economia brasileira desacelere em 2025, mas longe da estagnação. Juros elevados devem contribuir para crescimento mais próximo de 2% do que dos 3,5% esperados para 2024; BC não descarta surpresa positiva.

SELIC

Bancos esperam Selic de até 15% em junho, diz Febraban. Dólar deve continuar próximo dos R$ 6, segundo pesquisa feita com instituições financeiras.

PESQUISA

Em meio a aumento do custo de vida em SP, população encolhe. É a primeira vez que número de habitantes da capital paulista diminui, segundo a Fundação Seade.