MANAUS, AM (FOLHAPRESS) – O prefeito eleito de Belém, Igor Normando (MDB), tomou posse no cargo nesta quarta-feira (1º) e tem como desafio central, para o primeiro ano de sua gestão, entregar as obras prometidas para a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), que será realizada em novembro de 2025 na capital do Pará.

É a primeira vez que a COP, uma cúpula diplomática que tenta alcançar acordos entre os países para frear as mudanças climáticas, será realizada na região amazônica. A amazônia é um bioma decisivo para qualquer discussão sobre alterações do clima, e Belém foi escolhida para sediar o encontro que reunirá chefes de Estado e delegações numerosas do mundo todo.

Há o risco de a COP30 ser realizada sem a entrega de obras prometidas, a cargo dos governos municipal, estadual e federal.

Além disso, um dos principais desafios logísticos é conseguir acomodar as milhares de pessoas esperadas para o evento. Já há forte especulação imobiliária na cidade, e não há leitos para todos, o que exigirá ações da prefeitura que Normando, deputado estadual, assume a partir desta quarta.

Normando é primo de segundo grau do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). Os dois são aliados do presidente Lula (PT).

Na organização da COP30, há obras que são tocadas pela prefeitura e obras que estão a cargo do governo do Pará. O governo federal diz investir R$ 4,7 bilhões nos empreendimentos, dinheiro oriundo do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do BNDES e de Itaipu Binacional.

No último dia 18, o governo Lula divulgou que a primeira obra da COP30 foi concluída: a revitalização do Mercado São Brás, com investimentos de R$ 150 milhões. O mercado estava na lista de obras sob a responsabilidade da prefeitura. Foi inaugurado pela gestão de Edmilson Rodrigues (PSOL), que perdeu a eleição para Normando.

Outras obras que precisariam ficar prontas para a COP30 são um parque urbano, a macrodrenagem de uma região de igarapé, a duplicação de uma avenida e a reforma do Mercado do Ver-O-Peso, ponto mais conhecido e mais turístico de Belém.

A capital do Pará viveu uma crise da coleta e destinação do lixo, com impacto na eleição; tem baixos índices de coleta e tratamento de esgoto; ainda tem porções de bairros sem acesso a água tratada; e é a capital com mais áreas de favelas no país.

Na cidade, 12% dos moradores não contam com coleta regular de lixo em pelo menos um dia da semana, 80% não são atendidos por coleta de esgoto e mais da metade da população vive em áreas classificadas como favelas, sem acesso a serviços básicos.

A cidade passou por uma crise do lixo persistente, com problemas que vão da coleta -o que resultou em acúmulo de resíduos em diferentes bairros- à destinação, com uma mudança na rota do lixo.

Primeiro, o destino dos resíduos domésticos era um lixão em Ananindeua, cidade conurbada. Agora, a solução encontrada foi mandar o lixo para um aterro em outra cidade vizinha, Marituba.

O tratamento de esgoto chega a 2,38% dos moradores da cidade, um dos piores índices do país. A capital do Pará conseguiu avançar em abastecimento de água, saltando de 70,3% para 95,5% da população atendida em cinco anos, mas não consegue sair do lugar em relação ao esgoto.