BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), tomou posse nesta quarta-feira (1º) de maneira remota. A medida seguiu uma recomendação médica de que o chefe do Executivo da capital mineira evite locais com grande concentração de pessoas.
O prefeito está com a imunidade baixa após ter sido internado três vezes desde que venceu as eleições por consequências do seu tratamento contra um linfoma não Hodgkin, câncer cujo diagnóstico segue em remissão desde outubro.
Na transmissão, o prefeito estava ao lado da esposa, Mônica, de máscara e afônico. Coube ao vice-prefeito eleito, Álvaro Damião (União Brasil), que estava presente na cerimônia, ler o discurso de posse do prefeito.
“Muita gente tem me perguntado o porquê de estar aqui, um homem de 77 anos disputar uma pesada eleição em vez de curtir os netos, ficar com a família no sítio ou viajar. Nos últimos meses, tive que ser hospitalizado, o que aumentou a curiosidade de amigos. A resposta é muito simples, estou aqui por muito amor a essa cidade e a sua gente”, afirmou o prefeito, em texto lido pelo vice.
Ao fim do discurso, Damião chorou quando leu um trecho em que o prefeito agradeceu aos médicos e à sua família.
Nos últimos dias, aumentaram os rumores sobre uma eventual licença do prefeito para cuidar de sua saúde. Após a cerimônia de posse, ao ser questionado pelos jornalistas sobre essa possibilidade, Damião falou que a decisão cabe a Fuad.
“Eu não dou opinião sobre o afastamento dele. Isso é entre ele, a família e o corpo médico dele. O que ele pode ter certeza é que eu estou aqui para ajudá-lo da forma como achar que deve ser feito”, disse Damião.
O vice ainda afirmou que tem se reunido com o prefeito com frequência e que atua de acordo com as orientações de Fuad. Ele também foi questionado sobre como eles têm se comunicado, diante da dificuldade de entendimento da fala do prefeito na posse desta quarta.
“Se eu me emocionei lendo o discurso dele no plenário, imagina como deve estar a cabeça do Fuad ao lado da esposa, dona Mônica, em casa. Se a minha voz embarga, imagina a do prefeito reeleito com 77 anos. Isso é normal, faz parte. O que eu posso dizer é que ele está se comunicando normalmente com as pessoas”, afirmou Damião.
Entre os desafios de Fuad e Álvaro para o próximo mandato está a reformulação do contrato de transporte público na cidade. O atual foi feito em 2008, com validade de 20 anos, e já foi alvo de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) em 2023 na Câmara.
Nesta quarta, as passagens das linhas convencionais passaram de R$ 5,25 para R$ 5,75, colocando a capital mineira entre as cidades com tarifas mais caras no país.
O prefeito reeleito em outubro também tem como prioridade a municipalização do Anel Rodoviário, trecho que hoje está sob gestão do Dnit.
Inaugurado em 1963 para desviar o fluxo de trânsito pesado do centro de Belo Horizonte, hoje ele se tornou, na prática, uma das principais vias do perímetro urbano da cidade e lidera as estatísticas de ocorrências de trânsito com vítimas e óbitos no município.
Fuad foi reeleito graças a uma virada no segundo turno das eleições, quando superou o deputado estadual Bruno Engler (PL) com 53,73% dos votos válidos.
Ele assumiu a prefeitura em março de 2022, após o então prefeito, Alexandre Kalil (sem partido), ter deixado o cargo para a disputa do governo de Minas Gerais, em que foi derrotado no primeiro turno por Romeu Zema (Novo).
Nas eleições deste ano, Kalil não apoiou seu antigo vice e fez campanha para o apresentador de TV Mauro Tramonte (Republicanos). O movimento deteriorou uma amizade que era duradoura entre o ex e o atual prefeito de Belo Horizonte.