SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quando provocados a pensar nos efeitos para a economia brasileira do fim da escala 6×1, 49% dos brasileiros avaliam que ele seria ótimo ou bom, 24% o veem como ruim ou péssimo, isso teria um impacto regular para 22% e 5% não sabem.

É o que aponta a pesquisa Datafolha feita nos dias 12 e 13 de dezembro.

A proposta de acabar com a escala 6×1 viralizou nas redes sociais no mês passado e está em debate na Câmara dos Deputados.

Para chegar a esses números, o Datafolha entrevistou 2.002 pessoas com 16 anos ou mais em todo o Brasil, em 113 municípios. Quando considerado o total da amostra, a margem de erro é de até dois pontos percentuais, para mais ou menos, e o nível de confiança é de 95%.

Os possíveis efeitos econômicos da redução da jornada de trabalho vêm alimentando os debates. De um lado, os trabalhadores demandam mais tempo de descanso e lazer e uma rotina menos extenuante.

De outro, empresários argumentam que o fim da 6×1 seria insustentável para parte dos negócios, sobretudo no comércio e no setor de serviços, em que esse tipo de jornada é mais comum.

Segundo a pesquisa Datafolha, a maior parte (72%) dos entrevistados diz acreditar que terminar com a jornada vai ser ótimo ou bom para a qualidade de vida dos trabalhadores; para 14%, a consequência será ruim ou péssima; para 11%, regular; 3% respondem não saber.

O otimismo com os efeitos sobre a vida do trabalhador é maior entre os mais jovens, com até 24 anos (78%), enquanto 19% dos que têm mais de 60 anos são mais pessimistas.

Já quando imaginam as consequências para as empresas, a população se divide: 35% veem a redução da jornada como algo positivo, 42% preveem um cenário negativo, 19% imaginam um efeito regular e 4% não fizeram uma avaliação.

Na visão de Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) e especialista em mercado de trabalho, é preciso dimensionar os efeitos levando em conta também as diferenças entre os vários setores da economia.

“O setor de serviços tem muitas empresas pequenas, se ele passa por uma redução de 44 horas para 36 horas, como sugere a PEC [proposta de emenda constitucional], pode ser bastante problemático em alguns casos”, avalia. “Qualquer mudança precisa garantir emprego e sustentabilidade para as empresas.”