Com pouco mais de 10 anos de capacidade estimada, o Aterro Sanitário de Goiânia enfrenta um cenário crítico que requer ações urgentes para evitar um colapso no manejo dos resíduos da capital. A cidade gera aproximadamente 1,5 mil toneladas de lixo diariamente, mas recicla apenas 3% desse total, agravando a pressão sobre a infraestrutura atual.

Um sistema no limite

Inaugurado em 1992, o aterro foi projetado para durar 20 anos, mas ampliações e ajustes técnicos prolongaram sua vida útil. Contudo, o crescimento populacional e a ausência de uma política de gestão eficiente aceleram sua saturação. Goiânia, que contava com cerca de 1 milhão de habitantes na década de 1990, agora ultrapassa 1,7 milhão, mas a evolução no tratamento de resíduos não acompanhou essa expansão.

“A dependência de um único aterro como solução é insustentável. Precisamos de um sistema que incorpore práticas como reciclagem e compostagem, além de um planejamento integrado para resíduos sólidos”, destacou Antônio Pasqualetto, especialista em sustentabilidade urbana.

Principais desafios

Entre os fatores que sobrecarregam o aterro estão:

  • Baixa adesão à reciclagem: Apenas 3% dos resíduos são reciclados.
  • Falta de compostagem: Mais de 60% do lixo produzido é orgânico, mas não há iniciativas robustas de reaproveitamento.
  • Grandes geradores de resíduos: Estabelecimentos comerciais e industriais contribuem significativamente para o problema, muitas vezes sem manejo adequado.

Impactos do colapso

Caso o aterro atinja seu limite, as consequências serão graves:

  • Riscos ambientais: Contaminação do solo, das águas subterrâneas e emissão de gases como metano.
  • Aumento nos custos: O transporte de resíduos para outros aterros pode dobrar as despesas municipais.
  • Emergência financeira: A construção de um novo aterro exigiria investimentos superiores a R$ 50 milhões.

Soluções possíveis

Especialistas apontam caminhos sustentáveis, como:

  • Compostagem: Implementar usinas para tratar resíduos orgânicos, reduzindo o volume enviado ao aterro em até 60%.
  • Fortalecimento da reciclagem: Incentivar a separação de materiais recicláveis nas residências e ampliar o suporte às cooperativas de catadores.
  • Modernização tecnológica: Adotar sistemas de captação de biogás e reaproveitamento energético.
  • Políticas para grandes geradores: Melhor fiscalização e incentivo a práticas mais sustentáveis.

Um futuro sustentável

Com o centenário de Goiânia se aproximando, a gestão de resíduos deve ser encarada como prioridade. Planejar a cidade para as próximas décadas exige uma mudança de paradigma, indo além da simples ampliação do aterro.

“Esse é um momento de transformação. Goiânia tem a chance de se tornar uma referência em sustentabilidade, mas é preciso agir agora, com planejamento e engajamento coletivo”, concluiu Pasqualetto.