RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) fechou o acumulado de 2024 com alta de 4,71%, segundo dados divulgados nesta sexta (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A variação supera o teto da meta de inflação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é de 4,5% neste ano. O IPCA-15 havia acumulado avanços de 4,72% em 2023 e de 5,90% em 2022.
Considerando apenas o mês de dezembro de 2024, o índice prévio teve inflação de 0,34%, após marcar 0,62% em novembro.
O mercado financeiro esperava alta de 0,46% para o último mês deste ano, conforme a mediana das projeções de analistas consultados pela agência Bloomberg.
O IPCA-15 sinaliza uma tendência para os preços no IPCA, já que é divulgado antes. O IPCA, por sua vez, é o índice oficial de inflação do Brasil e serve de referência para o regime de metas perseguido pelo BC (Banco Central).
Em 2024, o centro da meta é de 3% no acumulado de 12 meses. A tolerância é de 1,5 ponto percentual para menos ou para mais.
Isso significa que o IPCA precisaria fechar este ano no intervalo de 1,5% (piso) a 4,5% (teto) para cumprir a meta. Analistas e o próprio BC, porém, já esperam um estouro dessa medida.
As projeções do mercado financeiro apontam inflação de 4,91% para o IPCA no acumulado deste ano, de acordo com a mediana da edição mais recente do boletim Focus, divulgada na segunda (23).
Se as estimativas se confirmarem, o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, será obrigado a escrever uma carta aberta ao ministro Fernando Haddad (Fazenda) logo após assumir o comando da instituição, em janeiro de 2025. O documento deve explicar os motivos do provável estouro do teto da meta.
O IPCA-15 capta a variação dos preços entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência. Neste caso, a apuração ocorreu de 13 de novembro a 12 de dezembro.
Já a coleta dos preços no IPCA ocorre somente ao longo do mês de referência do levantamento. Por isso, o resultado de dezembro ainda não está fechado. Será publicado pelo IBGE no dia 10 de janeiro.
O ano de 2024 é o último do sistema de metas com base no chamado ano-calendário, de janeiro a dezembro. Em 2025, o BC passará a perseguir a meta de forma contínua, sem se vincular ao ano-calendário.
No novo modelo, a medida de referência será considerada descumprida quando a variação do IPCA em 12 meses ficar por seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância.