SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Ney Latorraca interpretou a primeira cena de estupro de uma novela das oito da Globo. O ator morreu nesta quinta-feira (26) aos 80 anos.
“Coração Alado” (1980), de Janete Clair, levou ao ar uma cena de estupro envolvendo Vivian e Leandro, vividos por Vera Fischer e Ney Latorraca. Leandro se aproveitou que a esposa, Mel (Joana Fomm), viajava, para atacar Vivian, sua cunhada.
Vivian engravidou após esse crime, deixando o público não sabia se o filho era de Leandro ou de Juca (Tarcísio Meira). A protagonista pensou em aborto, mas desistiu da ideia, só que abandonou a criança após o nascimento. No decorrer da novela tentou recuperar a guarda do filho.
As cenas do estupro foram as primeiras do horário nobre da Globo e chocaram o público. Ao jornal O Globo da época, Ney Latorraca disse que não via seu personagem como uma pessoa totalmente má.
“Acho que se Leandro for encarado apenas como um mau-caráter, a história perde muito de sua graça. Ele tem altos e baixos e está me gratificando demais exatamente por ser tão humano, igual a milhares de pessoas que andam impunemente pelas ruas. Foi um momento de fraqueza”, disse Ney Latorraca ao jornal O Globo, em 1980.
O ator Ney Latorraca, 80, morreu na manhã desta quinta-feira (26) em decorrência de uma sepse pulmonar. O problema foi consequência do agravamento de um câncer de próstata, que enfrentava desde 2019 e estava internado na Clínica São Vicente da Gávea, na zona sul do Rio de Janeiro, desde o último dia 20.
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COMO DENUNCIAR VIOLÊNCIA CONTR A MULHER
Mulheres que passaram ou estejam passando por situação de violência, seja física, psicológica ou sexual, podem ligar para o número 180, a Central de Atendimento à Mulher. Funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número (61) 9610-0180.
Mulheres vítimas de estupro podem buscar os hospitais de referência em atendimento para violência sexual, para tomar medicação de prevenção de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente.
Se houver intuito de denunciar, a orientação é buscar uma delegacia especializada em atendimento a mulheres. Caso não haja essa possibilidade, os registros podem ser feitos em delegacias comuns.