CONSTANZA RESENDE E RENATO MACHADO

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) agradeceu orações e as mensagens de carinho que recebeu durante a cirurgia que foi submetido recentemente na cabeça, em pronunciamento em rede nacional, nesta segunda-feira (23).

Ele disse que “graças a essa corrente de solidariedade” está mais firme e forte “para continuar fazendo o Brasil dar certo”.

Ele também destacou o respeito e a harmonia entre os Poderes executivo, o Legislativo e o Judiciário e a defesa “intransigente” da democracia e que 2025 será o ano da “colheita”.

“Ainda temos enormes desafios pela frente, mas o Brasil tem hoje uma economia forte que continua a crescer. Um governo eficiente que investe onde é mais importante, na qualidade de vida da população brasileira.”

A tradicional mensagem de fim de ano do presidente costumava acontecer na noite de Natal, mas foi antecipada. A elaboração do pronunciamento deste ano já contou com a participação do publicitário Sidônio Palmeira, que deve assumir no próximo ano a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), em substituição a Paulo Pimenta.

Sidônio já havia atuado durante o pronunciamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), quando anunciou as medidas de contenção de gastos, além da elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda para até R$ 5.000. O publicitário também dirigiu vídeo recente, em que Lula aparece ao lado e garante autonomia para a atuação do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

Também participaram Laércio Portela, atualmente secretário de Comunicação Institucional da Secom, além de Ricardo Stuckert, secretário de Audiovisual e fotógrafo oficial de Lula. Portela é cotado para se tornar o próximo Secretário de Imprensa.

Durante a sua fala, o presidente também exaltou que 2025 será o ano da “colheita”, a exemplo do que vem dizendo em suas falas durante eventos oficiais e também em entrevistas.

No entanto, a mesma palavra já havia sido utilizada durante o pronunciamento no final de 2023.

“[O ano de] 2023 foi o tempo de plantar e de reconstruir. Aramos o terreno, lançamos as sementes, aguamos todos os dias, cuidamos com todo o carinho do Brasil e do povo brasileiro. Criamos todas as condições para termos uma colheita generosa em 2024”, afirmou na ocasião o mandatário.

A parte final do discurso do ano passado também foi usada para defender a democracia e criticar a tentativa de golpe no 8 de janeiro, ações que marcaram a política ao longo daquele ano inteiro.

“Felizmente, a tentativa de golpe causou efeito contrário. Uniu todas as instituições, mobilizou partidos políticos acima das ideologias, provocou a pronta reação da sociedade. E ao final daquele triste 8 de janeiro, a democracia saiu vitoriosa e fortalecida. Fomos capazes de restaurar as vidraças em tempo recorde, mas falta restaurar a paz e a união entre amigos e familiares”, afirmou.

Lula faz o pronunciamento final de 2024 ainda sob cuidados médicos e despachando da residência oficial, o Palácio da Alvorada. O presidente ficou internado em São Paulo entre os dias 10 e 15 de dezembro por causa de uma hemorragia interna decorrente de uma queda no banheiro em outubro.

O mandatário fez uma cirurgia de emergência no dia 10 em razão de um hematoma de três centímetros entre o cérebro e uma das membranas (meninges) que envolvem o órgão. O coágulo foi detectado após ele sentir fortes dores de cabeça, quando foi encaminhado para o hospital de São Paulo.

Ao receber alta hospitalar, Lula se emocionou ao falar da internação e disse ter ficado assustado com o quadro. Agradeceu a Deus e citou situações anteriores em que sua saúde ficou em risco, como quando teve câncer em 2011 e seu avião teve um problema no México.

“Eu nunca penso que vou morrer, mas eu tenho medo”, afirmou o presidente na ocasião.

O presidente só voltou a Brasília na quinta-feira (19), em um cenário de tensão com o dólar em alta e tramitação entravada do pacote de contenção de gastos no Congresso.