A empresária e influenciadora Karine Gouveia está no centro de uma polêmica envolvendo práticas clandestinas em sua clínica de estética, alvo da operação Face Oculta da Polícia Civil de Goiás. A investigação revelou um esquema que funcionava desde 2017, onde procedimentos estéticos e cirúrgicos eram realizados sem autorização ou qualificação adequada, causando graves danos às vítimas.

Registro irregular e práticas ilegais

Embora registrada como prestadora de serviços de cabeleireiro e estética básica, a clínica realizava procedimentos invasivos, como rinoplastias, lipoaspirações e liftings faciais. Esses procedimentos, exclusivos da medicina, eram realizados por profissionais sem habilitação técnica ou fora de suas áreas regulamentadas.

Karine Gouveia, sem formação na área da saúde, era responsável por avaliar pacientes e indicar intervenções cirúrgicas. Além disso, utilizava nomes alternativos para os procedimentos, como “reestruturação nasal HD”, para mascarar a ilegalidade e atrair clientes.

Impacto nas vítimas

A Polícia Civil identificou 24 vítimas que sofreram sequelas permanentes, como deformações faciais, perda de olfato e abalos psicológicos. Os procedimentos eram realizados em locais sem condições apropriadas, sem exames prévios e com materiais inadequados.

Um centro de distribuição de medicamentos também foi descoberto na operação. O local adquiria remédios manipulados de forma irregular, utilizando nomes de médicos e pacientes para redistribuição ilegal.

Prisão e bloqueio de bens

A operação culminou na prisão de quatro pessoas: Karine Gouveia, seu marido Paulo Cesar Dias, e dois profissionais da clínica, Daniel Ferreira Lima (odontólogo) e Jessica Moreira dos Santos (biomédica). As prisões temporárias foram decretadas por 30 dias, e a Justiça foi acionada para encerrar as atividades da clínica e bloquear valores dos investigados, com uma estimativa de R$ 100 mil por vítima como reparação.

Defesa e continuidade das investigações

Os advogados de Karine e Paulo Cesar negam as acusações e alegam que a empresária nunca realizou procedimentos estéticos. Eles entraram com pedido de Habeas Corpus, alegando falta de acesso ao inquérito.

Enquanto isso, as investigações continuam, com novos relatos de vítimas surgindo após a operação. A Polícia Civil orienta que outras pessoas afetadas procurem o 4º Distrito Policial de Goiânia para registrar denúncias.

Os crimes apurados incluem organização criminosa, exercício ilegal da medicina, lesão corporal gravíssima, estelionato e propaganda enganosa, entre outros. As consequências legais podem ser severas, refletindo a gravidade dos danos causados às vítimas.