A Polícia Civil de Goiás revelou detalhes chocantes sobre as atividades da clínica de estética comandada por Karine Gouveia, empresária presa nesta quarta-feira (18) em Goiânia durante uma operação policial. De acordo com as investigações, diversos pacientes sofreram complicações graves após se submeterem a procedimentos no local. Uma mulher teve necrose no nariz, enquanto outra precisou ser entubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) devido à gravidade do caso.

Segundo o delegado Daniel Oliveira, responsável pela investigação, muitos dos procedimentos realizados na clínica só poderiam ser feitos por médicos especializados, como cirurgiões plásticos. No entanto, Karine e sua equipe não possuíam qualificação para realizar essas intervenções. “Algumas vítimas sofreram danos severos e tiveram que fazer enxertos para reparar os problemas. Em alguns casos, esses enxertos eram feitos na própria clínica por pessoas sem formação adequada, o que agravava ainda mais a situação”, explicou o delegado.

Além de Karine, seu marido, Paulo César Dias, também foi preso por envolvimento nas atividades da clínica. A defesa do casal afirmou que o estabelecimento operava dentro da legalidade e seguia todas as normas da Vigilância Sanitária, mas a polícia contesta essa alegação. Conforme os investigadores, a clínica só tinha autorização para realizar procedimentos minimamente invasivos, enquanto as intervenções oferecidas eram de alta complexidade.

As denúncias começaram em abril deste ano, quando uma paciente relatou lesões graves após um procedimento. Desde então, a polícia identificou vítimas de ambos os sexos e constatou o uso de substâncias inadequadas, como PMMA e silicone, em procedimentos realizados por pessoas sem a devida formação.

Outro fator alarmante apontado pela investigação foi o uso de materiais de baixa qualidade e práticas inseguras. “Muitos pacientes agora dependem do SUS para corrigir as falhas dos procedimentos”, afirmou o delegado.

Durante a operação, foram cumpridos mandados de prisão e busca em Goiânia e Anápolis. Contas bancárias, bens e valores ligados aos envolvidos foram bloqueados, incluindo R$ 2,5 milhões e um helicóptero avaliado em R$ 8 milhões. A polícia segue investigando outros possíveis envolvidos no esquema.