SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O soldado Luan Felipe Alves Pereira, 29, filmado arremessando um jovem de cima de uma ponte na Cidade Ademar, em São Paulo, foi indiciado pela Corregedoria da PM por suspeita de tentativa de homicídio. O caso ocorreu no dia 1° durante uma abordagem.

Pereira está detido no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital. Ele foi preso no dia 5. Agora cabe ao Ministério Público definir se faz a denúncia na Justiça. Caso isso aconteça e ela seja aceita, ele se torna réu.

Além do soldado outros seis policiais foram identificados e indiciados pelos crimes de lesão corporal, peculato culposo e prevaricação. Os demais PMs envolvidos estão afastados das funções nas ruas.

Policiais militares da Corregedoria ouviram os agentes no curso da investigação e conseguiram individualizar a conduta de cada um, de acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública). A pasta disse que o inquérito finalizado foi encaminhado para o Tribunal de Justiça Militar, que deve remeter o caso para o Ministério Público.

Em depoimento à Polícia Civil cinco dias depois do caso, a vítima foi ouvida. Marcelo Barbosa do Amaral, 25, afirmou que foi parado em uma blitz da polícia e negou que tinha fugido e sido perseguido pelos PMs.

Segundo Amaral, Pereira o pegou pelo colarinho até perto do córrego e disse: ‘você tem duas opções, ou você pula da ponte ou eu jogo você e a motocicleta”, relatou em depoimento.

Para a defesa do soldado, composta pelos advogados Raul Marcolino e Wanderley Alves, houve excesso no indiciamento por tentativa de homicídio.

“A defesa não vê tentativa de homicídio, não consigo ver com os olhos do Ministério Público e do relatório da Corregedoria. Mesmo porque, como dito pela vítima, ele saiu andando, diz que o ferimento foi anterior aos fatos e por ter sido agredido na cabeça. Salvo melhor juízo, estamos falando de lesão leve na cabeça”, disse Marcolino.

O advogado também criticou a fala do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) sobre a “tolerância zero para desvios de conduta”, dita mais cedo durante divulgação de balanço anual da gestão. “Queria saber qual o posicionamento dele de tolerância zero em relação à criminalidade em São Paulo, com índices nada bons. E também se é tolerância zero de tratamento digno a policiais militares. Psicológico, de orientação, de ser tratado como humano.”

A ocorrência também é investigada pela Polícia Civil.

A Folha de S.Paulo apurou que os investigadores ainda não tiveram acesso ao inquérito da PM. Segundo eles, o documento é importante por ter a lista com os nomes dos policiais envolvidos na ação.

A intenção da Polícia Civil é saber quem são os PMs participantes e assim solicitar a apresentação deles para serem ouvidos. O Inquérito Policial Militar teve início antes, por isso está mais adiantado.

Os investigadores também pediram a apresentação do soldado Pereira para que ele possa prestar depoimento em uma delegacia, o que também ainda não ocorreu.

Também houve um pedido para compartilhamento de provas, o qual ainda depende da análise de um juiz.