SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As marcas premium têm um desafio em meio à transição energética: fazer com que seus carros elétricos sejam melhores que os modelos a combustão. A Mercedes-Benz promete que isso será possível com uma nova plataforma, chamada MMA (sigla em inglês para arquitetura modular da Mercedes).
É uma evolução necessária. Hoje, os modelos a bateria da marca alemã ainda não tem o comportamento dinâmico elogiável de seus pares a gasolina, o que dificulta a aceitação de um público disposto a pagar mais de R$ 400 mil em um automóvel.
Faz parte da estratégia da montadora, que preferiu focar na eletrificação plena e lançar carros rápidos, mas pesados. Concorrentes como Volvo, Audi e BMW lançaram uma extensa linha de produtos híbridos. que seguem com boas vendas.
A Mercedes até oferece opções plug-in, mas, do ponto de vista de emissões, a recarga na tomada serve apenas para rodar no modo elétrico por pouquíssimos quilômetros. A real função é dar força extra a superesportivos como o sedã C63 S AMG (R$ 906,9 mil).
A montadora espera superar a desvantagem competitiva com os novos modelos derivados da plataforma MMA, e o primeiro deles será o novo sedã CLA. Após ser apresentado como conceito em 2023, a versão definitiva já está pronta para o lançamento, no início do próximo ano.
A chegada ao Brasil da opção 100% elétrica está confirmada para o segundo semestre de 2025. Espera-se ainda por versões a gasolina, que ainda não foram anunciadas.
Segundo Evandro Bastos, gerente de produtos da divisão de automóveis da Mercedes-Benz, o CLA elétrico tem autonomia superior a 500 km no padrão adotado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). Pelo ciclo europeu de medição, é possível rodar cerca de 700 km com uma carga completa.
As baterias permitirão recarga ultrarrápida, sendo possível obter energia suficiente para rodar 400 km em aproximadamente 15 minutos plugado na tomada.
Isso só será possível em carregadores de 350 kWh, como os disponíveis em algumas concessionárias Porsche. É, portanto, um indicativo de qual marca a Mercedes tem por referência ao desenvolver sua nova plataforma.
Além do conjunto mecânico, a versão conceitual do CLA revela elementos que estarão presentes na cabine do modelo de produção. Parte do revestimento interno tem origem em garrafas PET recicladas, e os tapetes são feitos de fibra de bambu.
Há também partes em celulose que, de acordo com a montadora, são processadas com uso de energias renováveis.
Para antecipar as novidades, a Mercedes tem promovido encontro com clientes, em que mostra mitos e verdades sobre carros elétricos. É um trabalho de convencimento sobre o futuro, com o objetivo de não perder consumidores quando os carros a bateria forem maioria em suas concessionárias.
Um dos esclarecimentos diz respeito ao tempo de recarga, que pode variar de acordo com a temperatura do ambiente, das baterias e até do cabo do equipamento.
Por exemplo: se um carro tiver acabado de ser reabastecido na tomada, é provável que a velocidade do sistema fique reduzida por alguns minutos, para resfriamento.
São desafios de um novo mundo, em que nem sempre o comprador, já acostumado aos luxos dos automóveis de marcas premium, se impressiona com o silêncio ou o torque imediato de um modelo de luxo elétrico.
É diferente do que ocorre entre carros mais em conta. Quem dirige a versão elétrica do Renault Kwid (R$ 99.990) logo percebe os pontos em que essa opção é superior à flex (a partir de R$ 76.090), a começar pelo fato de não fazer barulho, além de ser equipado com câmbio automático.
A Mercedes vai tentar gerar sensação semelhante nos consumidores que compararem a futura versão elétrica com o seu par a gasolina, mas em um segmento mais elevado tanto em preço como em exigência do público.