PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – No início do ano, quando viu na internet uma vaga para trabalhar na reforma da Notre-Dame, Carolina Vernei Alves Ferreira mandou seu currículo, “meio sem esperança”.

Hoje, a museóloga brasileira, 28, é gerente do acervo de peças históricas da catedral de Paris. “Até hoje acho que parece um filme o que está acontecendo”, conta.

Carolina é responsável pela catalogação, conservação e logística de mais de 1.300 peças, que vão desde a suposta coroa de espinhos de Jesus Cristo (cuja localização exata é mantida em sigilo) à estátua da Virgem que é uma das principais relíquias de Notre-Dame.

“Meu trabalho, basicamente, é fazer com que a vida desses objetos seja conservada da melhor maneira possível”, afirma.

Formada em museologia pela Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), Carolina decidiu tentar a sorte na França três anos atrás, sem nunca antes ter saído do Brasil. Um caminho natural, segundo ela, devido à forte influência francesa em sua área. Em Paris, fez mestrado e atuou em instituições de prestígio, como o Museu do Homem e o Museu do Quai Branly, famoso pelo acervo etnográfico.

O interesse pela museologia surgiu na cidade natal. Apesar de pequena —40 mil habitantes—, Paracambi (RJ) tem um rico patrimônio histórico, relacionado ao ciclo do café do século 19.

Carolina diz acreditar que a formação em museologia no Brasil, mais eclética que em outros países, favoreceu sua carreira profissional na França. “No Brasil, o museólogo acaba tendo que fazer de tudo. Então eu já tinha experiência com acervos muito diferentes”, afirma. Seu contrato é temporário e vai até meados do ano que vem.

Ao longo das últimas semanas, Carolina pôde entrar várias vezes na catedral e vê-la do jeito como será descoberta pelo público a partir deste fim de semana. “Aproveitei e tirei todas as fotos que eu podia tirar para poder ir com calma depois, porque eu sei que agora vai ter uma multidão lá.”

Além dela, uma outra brasileira participou dos preparativos para a reabertura da Notre-Dame neste sábado (7), cinco anos após o incêndio que quase destruiu a catedral. Luciana Lemes, 29, foi uma das responsáveis pela afinação do órgão da igreja. Produzido em 1868, ele voltará a soar neste domingo (8).