RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Uma mulher branca foi encaminhada na tarde de sábado (7) à 16º DP (Delegacia de Polícia), na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, sob suspeita de ter praticado crimes de intolerância religiosa e racismo em um hotel no mesmo bairro.

Crimes teriam sido cometidos dentro do Américas Barra Hotel, no Barra da Tijuca. As vítimas, mulheres negras e de religiões de matrizes africanas, estavam no local para o seminário do Observatório Mãe Beata de Iemanjá, que debateu políticas públicas para o combate à intolerância religiosa.

Mulher foi conduzida por policiais militares à delegacia e autuada em flagrante, segundo a Polícia Civil. O nome da suspeita não foi divulgado pela polícia, mas testemunhas afirmaram que ela é de São Paulo. A polícia também não informou se a suspeita está detida ou se foi liberada. O caso foi encaminhado à Justiça.

As vítimas relataram na delegacia que a mulher branca xingou mães de santo de “gorda” e de “macumbeira”. Além disso, afirmou que o hotel estava com “gente feia” e “roupas horrorosas”.

O crime aconteceu por volta das 12h. Imediatamente, as vítimas reagiram. Uma defensora pública, que participava do evento, acionou a Polícia Militar, que chegou ao local em minutos.

RACISCO E INTOLERÂNCIA COTIDIANOS

Observatório foi criado em 2001 pela deputada estadual Renata Souza (PSOL). A principal finalidade do observatório é justamente mapear casos de racismo religioso para subsidiar políticas públicas para tentar solucionar o problema.

Caso demonstra constante hostilidade a pessoas negras, diz política. Em entrevista ao UOL, a deputada criadora do observatório afirmou que “o caso de racismo religioso dentro de um hotel na Barra onde estava sendo realizado seminário demonstra que as pessoas negras de religiões de matrizes africanas são constantemente hostilizadas qualquer lugar que estejam”.

Ainda segundo a deputada, “foi muito representativa a força imediata que os pais e mães de santo tiveram para denunciar. Não à toa o encaminhamento da policia foi fundamental nesse processo. Esse racismo é cotidiano nesses espaços”.

“Tenho certeza que se fosse um seminário de médicos e brancos isso não aconteceria”, disse Renata Souza.