SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Certa de que existe uma garotada por aí que não sabe o que são hobbits, quem é o mago Gandalf ou por que anões, homens e elfos entraram em guerra por um anel dourado, a produtora Philippa Boyens decidiu dar novos rumos à franquia “O Senhor dos Anéis” no cinema.

Escolheu então fazer um anime, tipo de animação japonesa febre entre adolescentes, usado para desenhar “A Guerra dos Rohirrim”, que leva de volta às telas a Terra-Média imaginada pelo escritor J.R.R. Tolkien há quase cem anos.

O universo gigantesco, que influenciou todas as fantasias do último século, vem tendo certa dificuldade para alcançar as novas gerações. Na contramão de sagas como “Harry Potter”, que virou obsessão no TikTok, e “Star Wars”, com produtos para o público infantojuvenil, “O Senhor dos Anéis” ainda sobrevive de nostalgia.

Com o novo “A Guerra dos Rohirrim”, Boyens quer reoxigenar a franquia. “Há muitos fãs de anime por aí, jovens que cresceram com essa linguagem, que nunca assistiram ‘O Senhor dos Anéis’”, diz. “Esse filme deve atraí-los para a obra de Tolkien.”

Sua expectativa é a mesma de Joseph Chou, que também trabalhou como produtor no novo filme. “Existe anime de tudo quanto é tipo, de ação, terror, comédia, e para todos os públicos. Mas nos Estados Unidos sempre foi um gênero pensado para a família”, diz. “Estudantes americanos não se interessam por quadrinhos feitos nos Estados Unidos, mas em mangás e animes, que bombam no mundo ocidental.”

A história do longa se passa quase 200 anos antes dos acontecimentos da trilogia original. A protagonista da vez é Hera, filha do rei de Rohan, uma região da Terra-Média habitada por homens e mulheres, os Rohirrim do título. Sob ataques de um novo inimigo, o povo precisa se refugiar numa antiga fortaleza, enquanto Hera tenta se descobrir líder daquela gente.

Boyens, a produtora, conhece bem a história, a geografia e a matemática desse universo. Ela trabalhou como roteirista dos primeiros filmes de “O Senhor dos Anéis”, uma das mais aclamadas trilogias do cinema, vencedora de 17 estatuetas do Oscar. Dez anos depois, voltou à saga para escrever os três longas que adaptam o livro “O Hobbit”, prelúdio da história original.

Para “A Guerra dos Rohirrim”, Boyens dispensou os anéis mágicos e os hobbits —criaturas pequenas de pés peludos—, assim como os outros personagens já conhecidos dos fãs. Ela quer que o novo filme seja visto como uma aventura isolada, algo independente dos mais antigos.

A ânsia por mudança é usada como justificativa também para optar pela animação japonesa. Para dar conta da empreitada, a Warner escalou o diretor Kenji Kamiyama, que tem no currículo diversos outros animes, como “Ghost in the Shell” e “Higashi no Eden”.

A relação do japonês com a indústria americana se estreitou há três anos, quando comandou um episódio da série “Blade Runner: Black Lotus”, anime derivado do filme clássico de ficção científica, e dirigiu um capítulo de “Star Wars: Visions”, que reimagina a história galáctica com a animação japonesa.

Os fãs devem achar curiosa a forma como Kamiyama recriou elementos emblemáticos da Terra-Média, como a torre de Isengard, controlada pelo mago Saruman, e os Olifantes, espécie de elefante enorme e feroz que ganham um aspecto ainda mais duro, agressivo. “O anime nos pareceu ter potencial para dar uma visão deste mundo sem parecer imitação do que já foi feito”, diz a produtora.

O SENHOR DOS ANÉIS: A GUERRA DOS ROHIRRIM

– Onde Nos cinemas

– Classificação 14 anos

– Produção Estados Unidos, Japão, 2024

– Direção Kenji Kamiyama