BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quarta-feira (4) que manterá o secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite, mesmo após uma série de denúncias de casos de abusos de policiais militares paulistas.
Na chegada à Câmara dos Deputados, em Brasília, para receber uma condecoração por contribuições aos trabalhos legislativos, ele foi questionado sobre a violência da Polícia Militar e se recusou reiteradamente a responder.
Perguntado se substituiria Derrite, ele disse que não. “Olha os números, você vai ver que [ele] está fazendo um bom trabalho”, disse.
Questionado sobre quais números seriam esses, afirmou que eram as “estatísticas criminais”, e se recusou a dar mais explicações.
Como mostrou a Folha, policiais militares veem que a gestão Derrite ampliou a sensação de impunidade dentro da força e prejudicou a disciplina.
Questionado sobre o caso do homem que foi jogado de cima de uma ponte por um policial militar, durante uma abordagem, o governador disse que a PM “não matou” o cidadão.
“A pessoa saiu com ferimentos leves, o que aconteceu foi muito ruim, vamos tomar providências”, completou.
O episódio, que aconteceu nesta segunda (2), foi gravado e as imagens causaram revolta em relação a conduta do policial.
AGARRADO AOS NÚMEROS
Como revelou o Painel, Derrite tem se agarrado a indicadores de segurança de sua gestão para tentar contornar a crise. O argumento principal é que a gestão linha-dura na segurança tem dado resultados.
Os últimos números da criminalidade no estado de São Paulo foram divulgados no dia 29. Foram registradas 2.153 vítimas de homicídio entre os meses de janeiro e outubro deste ano. Na comparação com o mesmo período de 2023, houve uma redução de 3,3% nos assassinatos.
Houve também melhora nos índices criminais de roubos e furtos. Foram 162,4 mil casos de roubo (queda de 15% em relação ao ano passado) e 463,8 mil furtos registrados (queda de 4%) em todo o estado.
Apesar da tendência de queda nos homicídios dolosos quando há intenção de matar, houve um crescimento dos casos de lesão corporal seguida de morte no estado. Foram 82 casos ao longo de todo o ano passado. Os números de janeiro a outubro deste ano já chegam a 103 um aumento de 56%, se comparado ao mesmo período do ano passado.
Na definição do Código Penal, a lesão corporal seguida de morte ocorre em qualquer caso em que o criminoso agride a vítima intencionalmente, sem que a morte seja planejada. A pena é de prisão por até 12 anos.
Na capital, foram 407 vítimas de homicídios dolosos em dez meses o que representa queda de 1,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Ao mesmo tempo, houve piora na quantidade de casos de latrocínio assassinatos que resultam de assaltos na cidade de São Paulo.