SÃO PAULO, SP, E RIO DE JANEIRO RJ (FOLHAPRESS) – Brancos receberam em média R$ 23,02 por hora de trabalho no Brasil em 2023, quantia 67,7% superior a da população negra (R$ 13,73). No ensino superior, nível de instrução com os maiores rendimentos e a maior diferença entre as raças, a disparidade por hora foi de 43,2%, com brancos ganhando R$ 40,24 e negros, R$ 28,11.

É o que revelam dados divulgados nesta quarta-feira (04) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os números fazem parte da Síntese de Indicadores Sociais. A publicação analisa estatísticas de fontes como a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), também produzida pelo IBGE.

Em relação a 2022, a diferença aumentou. Naquele ano, brancos receberam em média R$ 20 por hora de trabalho, enquanto pretos ou pardos, R$ 12,40 –uma diferença de 61,4%.

No rendimento médio real, calculado com base nos ganhos mensais, brancos receberam R$ 3.847 em 2023. A quantia foi 69,6% superior a de negros ganharam (R$ 2.264).

Segundo o IBGE, as desigualdades diminuíram entre 2019 e 2023, apesar de se manterem em patamar elevado. Em 2019, a diferença de rendimento médio por cor ou raça foi de 74,9%. Em 2023, foi de 69,9%.

“As desigualdades têm origem na ocupação dessas pessoas, que levam a rendimentos maiores ou menores. Pretos ou pardos são inseridos em atividades que pagam menos, como construção, agropecuária e serviços domésticos”, diz.

Em 2023, 45,8% dos trabalhadores pretos ou pardos trabalhavam em ocupações informais; a taxa, entre pessoas brancas ocupadas, foi de 34,3%. O percentual teve uma diminuição após ter duas altas em 2021 e 2022 (46,3% e 46,7%, respectivamente).

Ainda de acordo com o IBGE, a proporção de informais entre mulheres pretas ou pardas (46,5%) e homens pretos ou pardos (45,4%) superou a média da informalidade no Brasil (40,7%). Mulheres brancas (34,8%) e homens brancos (34%) estavam abaixo da média.

NEGROS SÃO MAIORIA EM SERVIÇOS DOMÉSTICOS E AGRO; BRANCOS EM TRABALHOS LIGADOS À INFORMAÇÃO

Em 2023, os trabalhadores negros foram maioria nos setores da construção (65,7%), serviços domésticos (66,1%) e agropecuária (60,9%). Os brancos tiveram maior participação em trabalhos relacionados à informação e serviços financeiros, na indústria (45,7%) e administração pública, educação, saúde e serviços sociais (48,5%).

Segundo o IBGE, as áreas da indústria, administração pública e informação tiveram rendimento médio de R$ 2.859, R$ 4.157 e R$ 4.227 em 2023. Entre os grupos de atividades listados pelo instituto, os três foram os mais bem remunerados.