FRANCISCO LIMA NETO

SÃO PAULO

Josias Caetano afirma que mulher passou por teleconsulta e apresentou exames antes de cirurgia; ele nega acusações de erro médico

(FOLHAPRESS) Em 27/11/2024 19h45

O médico Josias Caetano dos Santos, responsável pela hidrolipo que culminou na morte de Paloma Lopes Alves, 31, na tarde desta terça-feira (26), em São Paulo, afirmou que a paciente estava com os exames em dia.

“É uma paciente jovem, que gozava de boa saúde. Fez todos os exames pré-operatórios e estava apta para o procedimento. Pedi exame de função renal, hemograma, coagulograma, eletrólitos e também ecocardiograma, tudo pedido via aplicativo. Estava tudo ok, ela estava com boa saúde”, afirmou.

Ele explicou que a paciente passou por avaliação via teleconsulta no dia 12 de novembro.

“Avaliei o porte físico, as expectativas dela e o que desejava fazer. A gente conversou e fiz um questionário com ela”, disse.

Médico Josias Caetano dos Santos foi o responsável pela hidrolipo Reprodução TV Globo Um homem sorridente está sentado em uma cadeira de escritório, usando um jaleco claro. Ele está escrevendo em um papel com uma caneta, enquanto olha para a câmera. Ao fundo, há uma grande janela com vista para uma cidade, mostrando prédios altos e um céu claro. Na mesa, há um computador com uma tela visível, exibindo várias imagens. **** Ele confirmou que os dois se encontraram pessoalmente apenas no dia da cirurgia e que na ocasião procedimento foi novamente explicado a ela e ao marido, segundo Josias Caetano.

O médico diz que o procedimento foi realizado com a presença de um anestesista, que ficou na sala de cirurgia todo o tempo, acompanhando a paciente.

“Transcorreu tudo bem, com total normalidade. Fiz o abdômen e retirei 2 litros de gordura, nos flancos tirei mais 1 litro. No total, foram 3 litros de gordura, o que está dentro do aceitável e do limite de segurança para uma paciente de pouco mais de 60 kg”, explica.

De acordo com ele, a paciente estava bem, com todos os sinais vitais estáveis, acordou da anestesia e conversou. Na sequência, foi encaminhada para a sala de recuperação pós-anestesia, mas passou mal de 10 a 15 minutos depois.

“Ela estava com cateter de oxigênio e mesmo assim estava com dificuldade para respirar. Levei para o centro cirúrgico, que é uma UTI, tem carrinho de parada, tem desfibrilador. Nesse momento, o quadro respiratório piorou, ficou inconsciente e com pulso fraco. Fiz as manobras cardiorrespiratórias, junto com três enfermeiras e depois o médico anestesista”, explicou.

Paloma Lopes Alves morreu após um procedimento de hidrolipo Paloma Lopes Alves no Instagram A imagem mostra uma mulher posando para a câmera. Ela tem cabelo longo e liso, e usa uma blusa preta com um decote sutil. Seu batom é vermelho e ela usa brincos pequenos. A mulher está usando um cinto preto com uma fivela. O fundo é de uma parede clara **** Foi necessário intubar a paciente, segundo Josias Caetano. Ele e o anestesista revezaram as manobras, disse.

“Aconteceu de ela voltar a ter batimentos cardíacos, voltou a respirar sozinha e a se movimentar. Mas piorou e voltou a ter a ter a segunda parada cardíaca. Não é normal uma jovem que teve um procedimento sem intercorrência não responder a ventilação mecânica. Não dá para saber sem perícia, mas é mais provável que tenha tido um colapso pulmonar ou cardíaco”, avaliou.

Josias Caetano afirmou que o procedimento não tem alta complexidade.

“Pode ser realizado no hospital day, que é o caso, com centro cirúrgico preparado, com carrinho de parada e desfibrilador, para um primeiro suporte em caso de intercorrência”, disse.

De acordo com a prefeitura, a clínica estava irregular, foi autuada e lacrada. Ele explicou que a clínica não é dele, que o paciente paga o pacote completo para a clínica e ele recebe uma porcentagem como prestador de serviço, sem vínculo empregatício.

“A clínica tem dono e responsável técnico. Até onde sei, estava regular e operacionalmente tudo certo”, afirmou.

ACUSAÇÕES DE ERRO MÉDICO

Josias Caetano enfrenta reclamações de pacientes por supostos erros médicos em cirurgias plásticas.

O advogado Lairon Joe Alves Pereira, que defende o médico, disse que um grupo de pacientes atendidas por ele realizou denúncias de erros médicos em 2022. Os atendimentos aconteceram em outro local.

“Não houve erro médico. Elas tiveram intercorrências e o advogado disse que quem entrasse com processo receberia indenização de 200 salários mínimos. O único intuito era financeiro e de causar visibilidade ao advogado”, afirmou Lairon Joe.

Segundo o médico, foram dez processos criminais, sendo nove arquivados e apenas um em fase de investigação.

“Teve 20 pacientes mais ou menos com reclamação, sendo que a maioria era questão estética de posicionamento de cicatriz. Temos perícia criminal que não constatou erro”, disse o médico.