BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) republicou em rede social um vídeo bebendo caldo de cana, acompanhado de uma trilha de risadas, após a divulgação da íntegra do relatório da Polícia Federal que diz que ele planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva de uma tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito.
Na primeira postagem do ex-presidente depois do detalhamento do inquérito, em suas páginas no TikTok e nos stories do Instagram, ele não faz nenhuma menção direta ao relatório e aparece no vídeo sentado no balcão de um boteco, com a camisa do Santos, repetindo uma publicação de três dias atrás.
No vídeo, um homem pergunta: “E aí, presidente, como é que está o caldo de cana?”. Ele responde: “De graça, está excelente”. O vídeo é editado para incluir uma trilha de risadas.
Na segunda-feira (25), ao pousar em Brasília após viagem a Alagoas, Bolsonaro disse que a decretação de estado de sítio chegou a ser estudada no final de seu governo, em 2022, mas negou que tenha liderado a trama de um golpe de Estado. “Eu posso ser preso agora, ao sair daqui [do aeroporto]”, afirmou.
O ex-presidente reiterou que a suspeita de participação no plano de golpe apontado pela PF é “coisa séria” e que uma ruptura institucional não seria operada por um general da reserva e meia dúzia de oficiais.
O relatório da PF diz que Bolsonaro chegou a ter apoio do comandante da Marinha, do ministro da Defesa e do Comando de Operações Terrestres do Exército, mas esbarrou na postura dos comandantes do Exército e da Aeronáutica. A PF indiciou 25 militares, sendo 7 generais e 18 oficiais.
Em nota, a defesa de Braga Netto afirmou que documentos, anotações e rascunhos serviam apenas para respostas da imprensa e também como preparação para as pessoas que comparecessem às comissões no Congresso.
A PF encontrou o documento da Operação 142, que continha o título final de “Lula não sobe a rampa”, na mesa de um assessor de Braga Netto, o coronel Flávio Botelho. Segundo a defesa do general, os “materiais eram de subsídios de uso pessoal e interno”.
A defesa do advogado Amauri Saad, citado pela PF como integrante do núcleo jurídico ligado à trama golpista, disse negar veementemente envolvimento dele com qualquer movimento golpista.
A defesa do coronel Anderson Moura, suspeito de articular carta que pressionava a cúpula das Forças Armadas a dar um golpe, afirmou que o relatório não “apresenta um conjunto de provas minimamente válido acerca da alegação infundada da materialidade e autoria de um suposto crime”.
A defesa de Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro também enquadrado pela PF no núcleo jurídico, disse que o relatório da PF “é um exemplo lamentável e escandaloso de como a autoridade policial pode degradar sua função institucional”.
A reportagem não localizou as defesas de nove indiciados (Ailton Gonçalves, Fabrício Moreira, Fernando Cerimideo, Laércio Vergilio, Marcelo Bormevet, Paulo Figueiredo, Ronald Ferreira, Sergio Cavaliere e Wladimir Matos). Os demais indiciados não quiseram se pronunciar ou não responderam a reportagem.