SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Festival Ópera na Tela volta a São Paulo nesta terça-feira (26), depois de um hiato de seis anos, causado pela falta de patrocinadores. Um dos eventos mais tradicionais do calendário cultural carioca, o Ópera na Tela se distingue por trazer ao Brasil as montagens mais importantes da temporada lírica das principais casas de ópera do mundo.
As gravações dos espetáculos são projetadas em salas de cinema. Na capital paulista, as sessões acontecem na Sala do Conservatório, na Praça das Artes, e no Cine Marquise. No Rio de Janeiro, as projeções são realizadas no Parque Lage.
No ano do centenário de morte de Giacomo Puccini, o compositor italiano será homenageado nesta edição, com um ciclo especial: “Tosca”, “Turandot”, “La Rondine” , “La Bohème”, “Il Trittico” e “Madame Butterfly”. Organizado pela produtora Bonfilm, também responsável pelo Festival Varilux, o evento tem o objetivo de ampliar o público da ópera no Brasil e, ao mesmo tempo, motivar debates sobre as montagens, no circuito dos “operagoers”. Afinal, a mostra é um termômetro sobre o que tem inquietado a mente de diretores e maestros ao redor do mundo.
“É muito impressionante como de um ano para o outro as temáticas mudam”, diz a francesa Emmanuelle Boudieu, que organiza o festival com o marido, Christian Boudieu, também francês. “Lembro como o movimento MeToo impactou os espetáculos na última década, com engajamento feminista, numa arte em que a mulher quase sempre morre no final.”
Ao todo, são 11 títulos, que compreendem diferentes períodos históricos. Entre os destaques, está “Lakmé”, de Léo Delibes, filmada na Opéra Comique de Paris, neste ano. É a famosa produção do diretor Laurent Pelly, com a soprano Sabine Devieilhe no papel-título. Numa reação, ao colonialismo, Pelly optou por vestir os solistas de branco, evitando a caracterização estereotipada dos personagens. Também se destacam “La Rondine”, de Puccini, com Mariangela Sicilia, e “Elektra”, de Richard Strauss, estrelando Nina Stemme.
O Ópera na Tela começou em 2009, cinco anos depois da chegada do casal ao Rio de Janeiro. Amantes da arte lírica, Emmanuele e Christian quiseram incentivar a cena local e começaram o projeto no Parque Lage, onde há um palacete construído para a cantora italiana Gabriella Besanzoni. Todas as sessões são legendadas e, antes de cada uma delas, há uma palestra que discute a obra em questão.
Em nenhum momento, os produtores pensaram que as projeções poderiam substituir a ida a um teatro de ópera. “Isso não compensa o espetáculo ao vivo, mas o número de montagens ainda é desigual entre as regiões do Brasil”, afirma Emmanuelle Boudieu. “Nós gostaríamos de expandir o festival para as cidades do norte e do nordeste do país.”
FESTIVAL ÓPERA NA TELA
– Onde Praça das Artes – pça. Ramos de Azevendo s/n; Cine Marquise – av. Paulista, 2073
– Preço Ingressos em operanatela.com
– Classificação 14 anos