PELOTAS, RS (FOLHAPRESS) – A Embaixada do Brasil em Paris divulgou comunicado em que critica e lamenta a decisão do presidente mundial do Carrefour de suspender a compra de carnes originárias do Mercosul na França. A decisão de Alexandre Bompard é uma forma de protesto contra o acordo entre Mercosul e União Europeia em discussão há décadas.

“O Brasil respeita, democraticamente, a oposição de qualquer setor ao acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia. Tal posição, no entanto, não pode justificar uma campanha pública baseada na disseminação generalizada de desinformação sobre os produtores brasileiros”, diz trecho do comunicado desta segunda-feira (25).

O texto afirma que o Brasil “se orgulha de ser, há décadas, um fornecedor seguro de proteína animal para o mercado europeu” e que governo brasileiro “tem o objetivo de combater a desinformação”. Segundo a embaixada, é falsa a declaração de que haveria risco de inundação no mercado francês de produção de carne do Mercosul que não respeita suas exigências e normas.

O comunicado ainda “esclarece que a cota de carne bovina destinada ao Mercosul corresponde a apenas 1,5% do consumo europeu” e afirma que o possível acordo entre os blocos não compromete os “altos padrões produtivos e sanitários” adotados.

A embaixada acrescenta que as declarações de Bompard “refletem uma opinião e temores infundados quanto à sustentabilidade e à qualidade dos produtos oferecidos pela pecuária brasileira”. O governo diz que a medida também não corresponde com a prática do Carrefour no Brasil, que oferece esses mesmos produtos a seus mais de 2 milhões de consumidores brasileiros.

O boicote francês aos produtos brasileiros já está se refletindo na atuação da rede no Brasil. Em resposta a decisão de Bompard, os principais frigoríficos brasileiros suspenderam o fornecimento de carne ao Carrefour. Nesta segunda (25), consumidores em São Paulo já diziam sentir a falta de carnes nas prateleiras do supermercado.

Em entrevista à Folha, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que, além de os produtores paralisarem a venda de carne na rede nacional do grupo francês, produtores de frango também estão seguindo o mesmo caminho.

Fávaro disse que a decisão tem o apoio integral do ministério e da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), que reúne 43 empresas do setor no país, responsáveis por 98% da carne negociada para mercados internacionais.