SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Agentes voltaram a cercar a embaixada da Argentina em Caracas, afirmam integrantes do partido opositor à ditadura de Nicolás Maduro, Vente Venezuela.

Pedro Urruchurtu Noselli, um dos asilados na representação desde março e um dos coordenadores da campanha da líder oposicionista María Corina Machado, publicou posts em sua conta no X (ex-Twitter) e denunciou o ocorrido.

“Homens encapuzados do DAET com armas longas sitiam mais uma vez a residência da Embaixada da Argentina em Caracas. Cercam a sede diplomática e bloqueiam o acesso às ruas”, afirmou no primeiro post feito às 18h44 (19h44 no horário de Brasília). DAET é a sigla que designa a Diretoria de Ações Estratégicas e Táticas da polícia venezuelana.

“A situação de cerco continua às 20h40 do dia 23 de novembro, na residência da Embaixada da Argentina em Caracas, protegida pelo Brasil. Os funcionários encapuzados, os drones e o sinal do celular estão bloqueados”, disse Noselli, em novo post, desta vez às 21h40 (hora de Brasília).

Além de Noselli, estão asilados na embaixada Claudia Macero, Magali Meda, Humberto Villalobos, Omar González e Fernando Martínez Mottola.

Também no X, a conta oficial do Ministério das Relações Exteriores do governo de Javier Milei publicou uma nota de repúdio ao assédio contra os asilados na embaixada em Caracas. “A República Argentina condena os atos de assédio e intimidação contra requerentes de asilo na Embaixada da Argentina em Caracas, atualmente sob proteção diplomática do governo brasileiro”, disse o comunicado.

“O envio de tropas armadas, o encerramento das ruas em redor da nossa Embaixada e outras manobras constituem uma perturbação da segurança que deve ser garantida às sedes diplomáticas de acordo com o direito internacional, bem como àqueles que solicitaram asilo diplomático”, afirma o post da chancelaria argentina. “A República Argentina apela à comunidade internacional para que condene estas práticas e exija o salvo-conduto necessário para permitir que os requerentes de asilo deixem o país.”

A pasta agradeceu os esforços brasileiros em “representar os interesses argentinos na Venezuela, assumindo a proteção das instalações diplomáticas”.

Em setembro, forças da Venezuela impuseram um cerco à embaixada da Argentina em Caracas, com patrulhas da agência de inteligência venezuelana e da polícia, segundo a agência de notícias AFP. Além disso, agentes do regime estabeleceram à época nos arredores do prédio um posto de controle para verificar a identidade dos passantes.

O local está sob custódia do Brasil desde 5 de agosto, quando a ditadura chavista expulsou de sua capital os diplomatas de Buenos Aires.As tensões diplomáticas entre o regime e os países ao seu redor se acirraram após as eleições presidenciais que deram um novo mandato a Nicolás Maduro no final de julho, acusadas de fraude. Seis pessoas estão asiladas na embaixada, todas ligadas à oposição ao regime.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, de saída do cargo após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais, afirmou na última terça-feira (19) que Washington reconhece a vitória de Edmundo González no pleito da Venezuela, ocorrida em julho.

González foi o adversário de Maduro, proclamado vencedor pelo órgão eleitoral venezuelano, controlado pelo chavismo. Diplomata aposentado, ele saiu do anonimato ao ser ungido candidato da oposição após o regime ter inabilitado Corina Machado, principal figura da oposição.