SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Policiais militares que faziam a escolta de Antônio Vinicius Gritzbach, 38, foram alvos de mandados de busca e apreensão na manhã desta sexta-feira (22) em São Paulo. Os mandados foram cumpridos pela Corregedoria da PM no endereço dos oito agentes. Gritzbach foi morto com dez tiros em 8 de novembro, no aeroporto de Guarulhos.

Todos os policiais que participavam irregularmente da segurança privada do empresário foram afastados de suas funções pela Polícia Militar. Os chamados bicos são proibidos pela corporação. Os agentes também são investigados por suspeita de participação na morte de Gritzbach.

“A força-tarefa criada para investigar o crime ocorrido no último dia 8, no aeroporto de Guarulhos, cumpre nesta sexta-feira mandados de busca e apreensão e prisão. Equipes estão em diligências. Detalhes serão preservados para garantir a autonomia da investigação, que segue sob sigilo”, afirmou a SSP (Secretaria da Segurança Pública), em nota.

“Eles estão tranquilos, pois não têm nada a temer, não têm qualquer participação no crime de homicídio e estão à disposição da Justiça para prestar qualquer esclarecimento”, diz Guilherme Flauzino, advogado de parte dos PMs.

Celulares e notebooks foram apreendidos nos endereços dos militares, segundo a defesa. O material apreendido está sendo levado para a Corregedoria, segundo a Folha de S.Paulo apurou.

“A defesa dos PMs tomou conhecimento de apreensão de um aparelho celular de propriedade da esposa de um dos investigados, fato que pode representar ilegalidade. Iremos apurar os pormenores desse fato para as medidas pertinentes”, diz o advogado João Carlos Campanini, defensor de parte dos policiais.

Durante o cumprimento dos mandados, a polícia prendeu um homem em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Ele estava no endereço de um dos PMs suspeitos, mas não era alvo dos mandados de prisão. O homem foi levado à sede do DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa) para prestar depoimento.

O juiz substituto Fabrício Alonso Martinez Della Paschoa, da 5ª Auditoria da Justiça Militar de São Paulo, determinou a apreensão de valores acima de R$ 5.000 sem comprovação de origem lícita, joias de alto valor, comprovantes bancários, telefones, computadores, correspondências, chips, entre outros.

O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), no dia 12, anunciou o afastamento dos oito policiais militares envolvidos no caso, todos investigados pela Corregedoria da instituição. Os nomes ou patentes não foram divulgados.

Já na Polícia Civil, que conduz o inquérito do homicídio de Gritzbach, delegados e investigadores afirmam que os PMs são considerados suspeitos de maneira extraoficial, por conta das falhas no trabalho de segurança, que facilitaram o ataque contra o empresário.

Ao todo, cinco policiais militares participavam do trabalho de escolta de Gritzbach. Eles foram contratados de maneira particular pelo empresário, que não tinha direito a segurança oficial.

Quatro dos PMs estavam em veículos blindados que deveriam escoltar o delator do aeroporto até a sua casa. Um quinto agente viajou com o empresário para Alagoas, onde ficaram por sete dias.

Esse PM estaria à frente de Gritzbach e de sua namorada quando houve o ataque no aeroporto. Não há indícios de que ele tenha tentado reagir à emboscada, embora estivesse armado. Em depoimento à Polícia Civil, conforme informações do colunista Josmar Jozino, do UOL, o policial admitiu que correu quando os disparos começaram.

Conforme documentos obtidos pela Folha de S.Paulo, a equipe do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa, que cuida do caso) perguntou para o PM porque ele não foi alvejado na emboscada. O agente disse acreditar que, talvez, os assassinos não teriam tido tempo de atacá-lo.

Para a Polícia Civil, um dos pontos cruciais na investigação é esclarecer se um dos veículos usados pela equipe de escolta de fato apresentou problemas mecânicos. Conforme relato dos PMs, a Amarok usada por eles teve uma pane na ignição e, por isso, três dos quatro agentes não puderam ir até o desembarque. Eles ficaram em um posto de combustível.

Apenas um PM da escolta seguiu em um segundo veículo, mas não chegou a tempo de impedir o crime.

A participação de policiais na morte do empresário é uma das linhas de investigação do crime, já que Gritzbach teria delatado um grupo de policiais civis em suposto esquema de corrupção.

INVESTIGAÇÃO

Depois de identificar o suposto olheiro usado por criminosos no assassinato do delator do PCC Antônio Vinícius Gritzbach, 38, morto no aeroporto de Guarulhos no início deste mês, a Polícia Civil de São Paulo também está próxima de identificar os dois principais executores do homicídio.

As equipes de investigação já têm imagens do rosto dois homens que desceram do veículo e atiraram contra a vítima. Os policiais mapearam a fuga dos criminosos e encontraram imagens das câmeras de um ônibus usado pela dupla para escapar do local do crime, após abandonar o veículo.

Conforme policiais ouvidos pela Folha de S.Paulo, o ônibus usado pelos criminosos foi colocado à disposição pela empresa e dever ser, agora, submetido a perícia para tentar localizar mais indícios para levar a confirmação da autoria do crime.

O ônibus foi identificado dois dias após o crime, mas a informação vinha sendo mantida em sigilo até a divulgação dessa informação em reportagem do SBT.

Neste semana, a polícia anunciou ter identificado um homem que teria ajudado na execução de crime, uma espécie de olheiro. Ele teria indicado para os matadores a aproximação da vítima.

O governo paulista também anunciou o pagamento de recompensa de R$ 50 mil por informações que levem a prisão de Kauê do Amaral Coelho, 29, que tem passagem pela polícia por tráfico de drogas.

Na terça (19), a Polícia Civil realizou uma operação para tentar prender Coelho, mas o suspeito teria fugido para o Rio de Janeiro. Os policiais também cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados a eles, mas o conteúdo apreendido não foi divulgado.