SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Escolhida por Donald Trump para assumir o Departamento de Educação de seu governo, Linda McMahon é acusada na Justiça de não ter agido para impedir que uma série de adolescentes fossem vítimas de abuso sexual nas décadas de 1980 e 1990, revelou a imprensa americana nesta quinta-feira (21).

Ela nega as acusações. À CNN, sua advogada, Laura Brevetti, afirmou que o processo em questão é infundado e “está repleto de mentiras caluniosas, exageros e deturpações” a respeito de sua cliente.

O processo contra McMahon veio à tona no mesmo dia em que outro escândalo sexual causou a primeira baixa no recém-montado gabinete do presidente eleito dos Estados Unidos.

O indicado para o Departamento de Justiça, o ex-deputado da Flórida Matt Gaetz, desistiu do cargo depois que ficou claro que seu nome poderia ser vetado pelo Senado em razão de uma investigação que ele enfrentava por má conduta sexual no Comitê de Ética da Câmara dos Representantes.

McMahon, que teve sua nomeação anunciada na terça-feira (19), foi por décadas CEO da WWE, empresa de luta livre que fundou ao lado do marido, Vince McMahon, e que se tornou uma das maiores da área antes de se juntar ao UFC no ano passado.

Foi justamente o seu passado à frente do negócio que motivou o processo por negligência do qual ela é alvo, aberto no mês passado por cinco homens que trabalharam como assistentes de palco em eventos produzidos pela WWE quando tinham entre 13 a 15 anos.

Eles afirmam terem sofrido abuso sexual pelo locutor e chefe da equipe técnica da WWE à época, Melvin Phillips Jr., e acusam McMahon e outros donos da empresa de permitirem que o suposto abusador continuasse trabalhando lá por anos, mesmo depois das denúncias de abuso —Philips morreu em 2012.

A ação judicial relata que o locutor atraía os adolescentes para trabalhar na montagem e desmontagem dos ringues prometendo ingressos gratuitos e a chance de conhecer lutadores famosos. Depois, no entanto, abusava deles em quartos de hotel e até mesmo nos vestiários dos eventos, diante de lutadores e executivos, prossegue o texto, acrescentando que era comum que ele filmasse os abusos. Phillips chegou a ser demitido após denúncias, em 1988, mas foi recontratado seis semanas depois.

O ex-marido de McMahon, Vince, também é réu na ação. Ele, que neste ano renunciou ao cargo de diretor executivo na TK Holdings, antiga dona da WWE, devido a suspeitas de assédio sexual e tráfico, é outro que nega as acusações. Em outra ocasião, porém, ele admitiu que tanto ele quanto a ex-mulher sabiam desde a década de 1980 que Philips tinha um “interesse peculiar e antinatural” por meninos.

O histórico de controvérsia da WWE fez com que a indicação de Linda McMahon para a Secretaria de Educação causasse apreensão entre associações de direito estudantil. A pasta supervisiona, entre outros tópicos, a aplicação de leis destinadas a proteger alunos contra a discriminação e o assédio sexual.

Ao anunciar sua escolha, Trump elogiou a experiência empresarial de Linda, que havia chefiado a agência do governo americano que apoia pequenas empresas no primeiro mandato dele.